segunda-feira, 30 de maio de 2011

Padrinho de Coração

O Solar Meninos de Luz é uma instituição civil, filantrópica, em funcionamento desde 1991. Promove educação formal e complementar em regime integral, cultura, esportes para 400 crianças, de 0 a 18 anos, nas comunidades do Pavão-Pavãozinho Cantagalo, em Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro.

Vamos Apoiar!

O(A) PROFESSOR(a) ESTÁ SEMPRE ERRADO(A)


É jovem, não tem experiência.
É velho, está superado.
Não tem automóvel, é um pobre coitado.
Tem automóvel, chora de "barriga cheia'.
Fala em voz alta, vive gritando.
Fala em tom normal, ninguém escuta.
Não falta ao colégio, é um 'caxias'.
Precisa faltar, é um 'turista'.
Conversa com os outros professores, está 'malhando' os alunos.
Não conversa, é um desligado.
Dá muita matéria, não tem dó do aluno.
Dá pouca matéria, não prepara os alunos.
Brinca com a turma, é metido a engraçado.
Não brinca com a turma, é um chato.
Chama a atenção, é um grosso.
Não chama a atenção, não sabe se impor.
A prova é longa, não dá tempo.
A prova é curta, tira as chances do aluno.
Escreve muito, não explica.
Explica muito, o caderno não tem nada.
Fala corretamente, ninguém entende.
Fala a 'língua' do aluno, não tem vocabulário.
Exige, é rude.
Elogia, é debochado.
O aluno é reprovado, é perseguição.
O aluno é aprovado, deu 'mole'.

É, o professor(a) está sempre errado, mas, se conseguiu ler até aqui,
agradeça a ele(a)!
 







(Jô Soares)

Velhos e novos desafios

Mais uma vez o foco da educação precisa mudar. Deve deixar de ser, simplesmente, o ensino de conteúdos curriculares. Isto significa mudar a propria finalidade da educação básica, tornando-a mais útil para o aluno - na medida em que buscar cada vez mais, sua formação para a vida em sociedade, e não apenas para ajudá-lo a ultrapassar, com sucesso, as avaliações escolares. Proporcionar uma educação para a vida e para o mundo, e não para dentro da escola somente com o objetivo de desenvolver-se intelectual, moral afetiva e fisicamente.
Isto é indispensável para que o estudante saído de uma escola pública tenha condições identicas às dos demais para enfrentar e concorrer o mercado de trabalho.
Essas mudanças objetivam desenvolver problemas novos que aparecem em sua vida cotidiana. Isto ocorre na medida em que o aluno compreende que os conhecimentos teóricos servem para explicar os fenômenos naturais e fatos sociais, em que ele aprende vincular teoria à realidade, teoria e prática, ao invéz de considerar a teoria como algo descolado da realidade, como um conhecimento que serve somente para ser testado na escola, sob a forma de avaliação.
Endim, escola e o currículo devem se converter em espaços de construção de saberes, competencias e habilidades do indivíduo, e não apenas de transmissão de conhecimentos. É ensinar esse aluno, tomando como ponto de vista os requisitos que a sociedade exige dele.
O cenário atual exige novas competencias, que a capacidade do indivíduo possibilite mobilidade em busca de trabalho e melhoria de vida. Adquirir competencias gerais, que habilitam o individuo a atuar num mundo onde os conteúdos memorizados não têm mais importancia que tiveram num passado ainda recente, quando o desenvolvimento cientifico e tecnológico se desenvolvia e se propagava no mundo com muito menor rapidez.
Hoje é preciso capacidade de se expressar oralmente, de ler, entender e de criticar um texto lido, uma capacidade de argumentar e elaborar propostas. Possibilitar ao indivíduo a capacidade de continuar seus estudos e aprender mesmo após ter saído dos bancos da escola, ajudando-o a ter autonomia, garantindo-lhe a preparação básica para o trabalho e a cidadania, como indivíduo ativo. Isto não significa que o professor seja obrigado a utilizar, necessariamente, materiais pedagógicos caros e inacessíveis à escola pública.
Os problemas atuais são que a medida que a escola pública brasileira foi ficando defasada em relação a sociedade e com turmas cada vez mais numerosas, e que os salários foram ficando desgastados, os professores passaram a sentir, cada vez mais, responsáveis por suas disciplinas individuais, o que já consome grande parte de suas energias; e cada vez menos responsáveis pela formação integral do aluno como pessoa.
Assim, a escola vem perdendo de vista, o objetivo de atuar como instituição formadora de valores éticos e sociais do aluno para a vida em sociedade. E foi se concentrando, cada vez mais, em conhecimentos específicos das diversas disciplinas.
É necessário romper a política de invisibilidade das diferenças regionais, que a nação tem sustentado em relação à Amazônia, quando se trata de conferir a ela recursos específicos e mais volumosos que os habituais. A criação do FUNDEB ( Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da educação Básica e de Valorização dos Profissionais de Educação) e a extensão do ensino fundamental para 09 anos abrem uma nova fase da educação na Região. A questão se vê encapsulada numa questão mais abrangente, a chamada questão regional e exige da sociedade e do Estado, um empenho persistente e incansável na execução de programas e ações conjuntos e regionalmente diferenciados.
Para recuperar o prestígio do passado, a escola agora precisa deixar de ser o lugar do conteúdo memorizado para converter-se num lugar onde a informação é discutida, criticada, analisada; lugar onde o aluno pode refletir (com base em conhecimentos sistematizados e científicos, sobre os fenômenos naturais e os fatos sociais), discutir e manifestar-se sobre o mundo atual ( as mudanças economicas, sociais, os avanços científicos e tecnológicos e suas consequencias sobre a vida social; lugar onde os avanços teóricos da ciencia e da tecnologia moderna são ensinados e demonstrados a partir de exemplos e de vinculações com objetos e situações da vida cotidiana da sociedade em que o aluno vive. É preciso construir uma nova relação professor-aluno e professor-conhecimentos a transmitir.
A teoria não está confinada aos livros; está presente e se materializa nos objetos da casa, da escola, na rua, etc... possibilitando inumeras articulações entre teoria/tecnologia/realidade. No mundo moderno, a capacidade cognitiva do indivíduo constituiu-se num recurso para o desenvolvimento, tão importante quanto o capital que se apresentava para nós.


Referencia Bibliografica: LOUREIRO, Violeta R. Educação e sociedade na Amazônia em mais de meio século. Revista Cocar, v.1, n. 1, jan-jun, 2007, pp. 17-58.

As grandes conquistas

O cenário da transição anos 70/90 era o de que enquanto a sociedade brasileira se modernizou rapidamente e com ela os recursos tecnologicos, o sistema educacional ficou comprimido por longos anos apertado por uma legislação em que ele não cabia e atrasado face às necessidades de uma sociedade e de um mercado de trabalho que havia avançado muito em relação a ele.
A sociedade brasileira chega aos anos 90 esgotadas nas lutas pelo acesso à educação pública e agastada frente os insucessos da mesma. E sobretudo impaciente por resultados mais eficazes na educação escolar. Mas em compensação, após 02 décadas de luta à porta das escolas, era agora uma sociedade mais amadurecida, politicamente, e mais preparada para exigir mudanças que ja tardavam de muito na educação.
Com o objetivo de expandir o ensino fundamental, aproximando-o poucos anos depois, da universalização, 02 medidas foram tomadas para dar início a onda de mudanças na educação:
  1. A aprovação, pelo Congresso Nacional, da Emenda Constitucional, que cria o Fundo de Manutenção do Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistèrio - FUNDEF;
  2. A aprovação de uma nova Lei de Diretrizes e Bases para a Educação nacional - LDB de 1996. Que exigia, entre outras coisas, que em 10 anos, contados a partir de 1997, os professores das diversas redes tenham seus diplomas de curso superior, para se habilitarem a lecionar em qualquer um dos níveis do ensino fundamental.
E as beneses adquiridas com esta reforma foram:
  • Instituições de ensino superior em geral, tanto privadas como públicas, puderam interiorizar-se e, em convênio com as prefeituras, oferecer cursos em mais de uma centena de cidades do interior da Amazõnia, especialmente nas áreas das licenciaturas;
  • Possibilitou melhoria dos quadros administrativos das prefeituras, especialmente nas secretarias municipais de educação, passaram a exigir pessoal qualificado no gerenciamento dos mesmos;
  • Tornou possível a realização de estatísticas censitárias bastante confiáveis aperfeiçoando as informações educacionais que tem servido ao planejamento educacional pelos orgãos gestores e para a elaboração de estudos que antes não eram possíveis como a distribuição do livro didático e da merenda escolar, que passaram a ser programados a partir do numero de alunos registrados em cada uma das milhares de escolas existentes incluindo cada escolinha de beira de rio na Amazônia.
A municipalização do ensino fundamental gerou uma descentralização de ações antes centralizadas em Brasília, permitindo um fluxo mais ágil dos materiais, estoques e recursos financeiros que devem chegar às escolas e um maior controle na distribuição pelos estados e municipios;

  • Implantação das casas familiares rurais e as casas familia-agrícola, organizadas por sindicatos de trabalhadores rurais, geralmente com algum apoio governamental e de ONG´s estrangeiras (núcleo escolas);
  • Escolas voltadas para a educação escolar indígena, gerando um misto de integração social, amizade, magistério e vivencia cultural compartilhada;
  • Sistema modular de ensino, nos interiores, e as escolas-barco;
  • Maior importancia aos aspectos pedagógicos da educação, garantindo grande margem de autonomia para as escolas, no que se refere a programação de seus calendários escolares, às formas de avaliação do aluno, ao desenvolvimento de conteúdos curriculares. O aluno se converte no elemento central da reforma;
  • Chega-se hoje, a cerca de dezenas de títulos somente em língua portuguesa;
  • O crescimento das matrículas no ensino fundamental se deu, principalmente, pela implantação das séries 5ª a 9ª em cidades e vilas interioranas;
  • O aluno não tem sucesso numa ou mais disciplinas, fica retido apenas nela ou nelas, prosseguindo nos estudos relativos à serie seguinte, com depenendecia de disciplinas da serie anterior, descongestionando e tornando o fluxo de alunos mais regular. O ganho maior foi estabelecer uma relação mais positiva entre o aluno e sua escola em substituição à relação anterior, punitiva e frustrante que frequentemente, levava o aluno ao desestímulo e o abandono do curso precocemente;
  • Nenhum município pode abrir escolas de curso médio ou superior, sem antes ter suprido as enormes necessidades com o ensino fundamental. estabelece que despesas podem e não podem ser consideradas como gastos com a manutenção e o desenvolvimento da educação.
Mas nem só de flores vive o período, problemas também foram identificados como:

  • Outras funções tradicionais da universidade associadas ao progresso e a geração do saber, como a pesquisa, o desenvolvimento tecnológico e as atividades de extensão não acompanharam nessa marcha para o interior. Assim, o reconhecido papel da universidade como um dos grandes notaveis veículos de geração e transmissão de conhecimento científico e tecnologico que se conhece no mundo moderno, não vem sendo exercida em sua plenitude, quando se fala aqui, na expansão do ensino superior na região;
  • O dinheiro correspondente a cada aluno se repota à matrícula do ano anterior, o que deixa sem cobertura financeira os novos alunos que ingressam a cada ano;
  • Apesar dos mecanismos de controle instituídos, são frequentes as denuncias de prefeitos desviando recursos do FUNDEF em todo Brasil;
  • Por conta do baixo valor do custo aluno, na zona rural são frequentes as cenas de crianaças e jovens deslocando-se ára as escolas em caminhões e velhos ônibus abarrotados;
  • Não ter prolongado o ensino fundamental para 09 anos;
  • O FUNDEF não atinge a pré-escola, por isso, o problema básico da alfabetização deficiente (que se arrasta e afeta toda formação do estudante) continua irresoluto. Identifica-se alunos da 5ª série do ensino fundamental que não sabem ler e nem escrever um texto minimamente fluente e compreensível. Além disso, muitos dos que lêem, não sabem interpretar o que leram;
  • Persistência de milhares de escolinhas com classe multiseriada;
  • Desestímulo dos profissionais da educação para atuarem de forma competente em meio a um ambiente profissional adverso, com planos de carreira pouco estimulantes, salários extremamente baixos;
  • Poucos recursos pedagógicos;
  • Elevados índices de reprovação e repetencia nas séries iniciais do ensino fundamental;

Além do âmbito puramente educacional, esta situação crônica está ligada a varios outros fatores sociais: baixo nível cultural da populaçação, do que resulta um acesso reduzido aos meios de comunicação escritos, hábitos pouco desenvolvidos da leitura em geral, este problema tem a ver com o nível de renda da população, que limita a assimilação desses elementos na vida cotidiana.
Quando adulto, o baixo domínio da lingua falada e escrita limita as possibilidades do indivíduo agir socialmente, como cidadão participativo na sociedade, como alguém, minimamente capaz de defender seus direitos básicos, de articular-se junto as instituições sociais, que exigem na vida moderna a comunicação formal escrita.
É preciso considerar que as políticas de estabilização da moeda são indispensáveis na vida de qualquer país. No entanto, o que se questiona é que elas não devem inviabilizar, concorrer ou excluir, necessáriamente, a realização de um projeto nacional ou regional de desenvolvimento, nem cercear os direitos mínimos do homem moderno no que se refere à cidadania plena, o que inclui o direito à educação de qualidade. Todo esforço de estabilização da moeda terá sido inútil se a crise social que no Brasil acompanhada do desemprego, da pobreza, do baixo nível de educação e, sobretudo, de uma crescente violencia urbana.
O econômico não tem a capacidade, por si só, de induzir ao desenvolvimento social. Ou seja, o simples crescimento econômico não se faz acompanhar da redução da pobreza e da desigualdade. Até pelo contrário, a permanencia da concentração de renda, mostra um aumento da violencia, como decorrencia da exclusão social, da qual a falta de educação adequada é um componente fundamental.
Assim, os recursos para a educação não tem crescido na proporção da necessidade de uma sociedade moderna, que atravessou a transição de um século para o outro, arrastando consigo indicadores inaceitáveis no presente momento histórico.


Da Amazônia, a União sempre retirou dela mais recursos do que nela investiu. E em seus alunos evidenciam um nível de desempenho muito abaixo comparado aqueles de estados da região sul/sudeste/centro-oeste, ficando muito próximos daqueles do nordeste, como os mais eficientes do país. Cabe ao Estado Brasileiro, assumiu uma posição diferenciada em relação à Amazônia e Nordeste do país, se quizer ver minoradas as desigualdades entre suas diversas regiões.
O congestionamento no ensino médio vem forçando a ampliação do número de vagas através de escolas de má qualidade, reinterando a desigualdade entre as classes sociais. Fica evidente a necessidade de complementação de recursos financeiros, pelo menos, para a educação em seus 02 extremos: infantil e ensino médio.

Referencia Bibliografica: LOUREIRO, Violeta R. Educação e sociedade na Amazônia em mais de meio século. Revista Cocar, v.1, n. 1, jan-jun, 2007, pp. 17-58.

Reformas Advindas da LDB de 1971, o que plantamos, colhemos.

A fim de descongestionar o sistema e possibilitar a expansão do acesso à escola pública. o governo brasileiro, através da pressão da sociedade propõem a reforma do ensino. Nasce assim, a Lei de Diretrizes e Bases, de 1971 reformulando a educação básica, encurtando a permanencia do aluno na escola, pois funde o ensino primário com o ginasial, que antes somavam 10 anos, para 8 anos obrigatórios. Por isso, tornou-se obrigatório o ensino para a faixa de 7 a 14 anos. O ingresso à 1ª série do ensino fundamental ficava vinculado à idade cronológica - 7 anos, independentemente de qualquer requisito mais específico. Os professores ensinavam sem material pedagógico e sem estarem capacitados, aprendiam no convívio profissional com os professores experientes.
A reforma ignorou as dificuldades da pré-escola e estabeleceu série, independentemente do amadurecimento intelectual de cada uma e das diferenças individuais menosprezando a enorme importancia da educação pré-escolar na formação intelectual e emocional da criança eda alfabetização na vida social do indivíduo. Pois bem, foi justamente essa fase da infância, estruturadora da formação global da pessoa, que a lei desobrigou o Estado de dar assistência, levou os governos dos Estados com dificuldades financeiras a oferecerem o ensino escolar limitado a este mínimo estabelecido por lei, e a sentir-se desobrigados de oferecer o ensino pré-escolar. A alfabetização ficou sem um lugar definido nas escolas da rede pública e a maioria das crianças, sem as classes preparatórias para a leitura e escrita antes dos 07 anos. Crianças pobres vinham diretamente do lar para a primeira série, onde se misturavam àquelas que tinham já alguma iniciação nos processos de leitura e escrita, diminuiram, eles também o ênfase nas metodologias e praticas de alfabetização que antes integravam seus curriculos e constituiam o centro das preocupações dos professores.

As consequencias disto foram: 
  • Passaram a oferecer apenas as séries mínima obrigatórias, com uma flagrante deterioração do ensino público;
  • Elevadas taxas de reprovação e repetencia;
  • Além de congestionar a demanda por vagas nas séries iniciais do ensino fundamental;
  • Abandono da escola, por desestímulo;
  • Ampliou a desigualdade entre as classes sociais;
  • Acentuou as desigualdades regionais;
  • E finalmente cavou um fosso entre a escola pública, que teve seu ensino deteriorado e degradado e a escola privada, que conseguio manter sobre controle a capacidade de ensinar a ler e a escrever.
O rápido processo de urbanização foi estabelecido, de um lado, a valorização da educação como um preciosos capital humano. Mas de outro lado, as condições sob as quais se processou a expanssão e o ingresso na escola foram estabelecendo, silenciosamente, limitações ao desenvolvimento de enormes contigentes humanos, que foram ficando marginalizados da sociedade, seja pela falta de acesso à educação, seja ou pela má qualidade da educação que recebiam.
Assim sendo, um processo de desenvolvimento social integral, que busque uma real diminuição da desigualdade, deve passar necessáriamente pelo acesso a uma educação de qualidade; que seja útil para a vida cotidiana, para o exercício pleno da cidadania e como via de acesso futuro a um emprego digno. Deve ser capaz de atrair ou mesmo empurrar para dentro e manter crianças e jovens numa boa escola, resgatando as massas excluídas da educação e da cultura em geral.

Os problemas não tardaram a aparecer: 
  • As crianças estudando em classes superlotadas, com um nível de leitura, escrita e compreenssão incipientes;
  • Preenchimento dos cargos  de direção das escolas sem critério pedagógico;
  • Elevada incidencia de professores leigos;
  • Baixa escolaridade dos professores em geral;
  • Ausencia de propostas pedagógicas consistentes.
As carencias da educação eram de tal ordem, que os sistemas escolares acabavam por funcionar em completo desrespeito aos direito e deveres constiticionais.
Somava-se a isto uma tímida distribuição de livros didáticos pelo governo; limitava-se esta a algumas áreas do centro-sul. Na Amazônia, somente recebiam livros as escolas das capitais e algumas de porte médio; Há também uma completa irregularidade na distribuição da merenda escolar que, além do mais, era de péssima qualidade, chegava irregularmente(quando chegava) e com frequencia, estava com prazo de validade vencido ou deteriorada, as crianças queixavam-se do sabor dos produtos pouco variados. Quando tudo ocorria bem, era distribuida alguns poucos dias por ano.

A sociedade civil vai se organizando e precionando o governo pelo aumento de vagas nas escolas, do que resultou um aumento expressivo das taxas de escolarização.
Como o acesso à escola para crianças e jovens foi aumentando, o analfabetismo foi se reduzindo nos grupos jovens e se concentrando nos grupos de maiores idades.
O grande desafio do inicio dos anos 90 era conseguir a universalização do ensino fundamental para todas as crianças e capacitar seus professores. O desafio parecia intrasponível, face a desigualdade de recursos e orçamentarios disponíveis para a educação entre os Estados e municipios mais ricos do país.
A reforma do ensino de 71 reflete a preocupação de estruturar um sistema educacional voltado para a preparação de mão-de-obra para engajar-se no mercado de trabalho urbano. Assim surgem os cursos de preparação para o trabalho vinculados ao ensino fundamental e os cursos "técnicos" de ensino médio e outros profissionalizantes de formação específica, mediana, atuando como auxiliares dos niveis mais elevados; Pois o objetivo agora era o de criar escolas e instituições voltadas para a formação de tecnicos para o mercado, que exigia mais iniciativa, imaginação, capacidade de tomar decisões e resolver problemas.


Os problemas foram:
A formação em nível médio, pobre em ciências, no domínio da língua e da cultura em geral, somente reforçou a antiga e crônica dependencia científica e tecnológica do país em relação aos países centrais, que continuaram a dominar e a desenvolver, sem cessar, a ciência e a tecnologia de ponta e a ministrar conhecimentos científicos em todos os niveis de ensino.
esta formação bifurcada em uma área profissionalizante e outra de formação em geral, propiciou a acumulação de saber e de capital cultural pelas elites, enquanto as demais classes sociais deveriam ocupar-se de trabalhos práticos ou ao trabalho no mercado informal. A reforma contribuiu para distanciar mais ainda as classes sociais no Brasil e na região, ao invéz de proporcionar identicas oportunidades intelectuais para todos os segmentos sociais, democratizando a educação. O trabalho foi ficando, cada vez mais, condicionado a modernização científica e tecnológica exigindo uma enorme capacidade de adaptação às suas novas formas. profissões tradicionais desapareceram, quase todas se modificaram, passando a utilizr-se, preferencialmente, das competenciais pessoais, que se valem da tecnologia moderna e da cultura geral do indivíduo.

A nova concepção de educação concebida, está no desenvolvimento de competencias e habilidades gerais do indivíduo, voltadas para a sua integração como ser num mundo moderno, onde a tecnologia e a ciência evoluem sem cessar. E este mundo exige que ela esteja permanentemente atualizada, capaz de adaptar-se e ajustar-se a essas novas exigencias da vida social moderna.

Referencia Bibliografica: LOUREIRO, Violeta R. Educação e sociedade na Amazônia em mais de meio século. Revista Cocar, v.1, n. 1, jan-jun, 2007, pp. 17-58.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Urbanização e necessidade de formação para os mercados urbanos - os anos 60, 70, 80

Com o advento da "modernização" acelerada da região em prol da promessa de realização de projetos e novas políticas públicas a população total da Região cresce em ritmo vertiginoso face as migrações para a Amazônia. E as populações urbanas começam a aumentar rapidamente e sem cessar, provindo da expulsão das populações rurais do campo, dado ao processo de concentração da terra no interior da Amazônia. Ao chegarem, passam a exigir, em medida crescente, e com urgencia, escolas, unidades de saúde, emprego, segurança e outros serviços básicos e indispensáveis à vida nas cidades. Com isso, as necessidades mudam e passam a ser de habilitar o indivíduo para a vida urbana. A cidade é um espaço social aonde a informação letrada se torna imprescindível para o trabalho e para a vida em geral. pela cultura da cidade exigir conhecimentos muito diferentes daqueles exigidos pela cultura do campo, a educação passa a ser vista como um modo através do qual o indivíduo possa obter emprego nas atividades que as cidades oferecem, com as qualificações da educação formal que elas exigem. Vai ficando claro para a sociedade, que o acesso à educação corresponde, também, ao acesso a trabalhos mais qualificados, mais bem remunerados e de maior prestígio social. A compreenssão da educação sob este novo angulo, faz com que ela inicie uma espiral crescente da busca pelo acesso à escola, disponível para uns, mas não para todos, tem um impacto mais forte sobre as camadas pobres da sociedade, aumentando a desigualdade entre aqueles que prosseguem nos estudos, alcançando niveis mais altos de ensino e aqueles que ficando de fora da escola vão, igualmente, ficando marginalizados da vida social. O ensino privado ganha força entre aqueles que podem pagar em detrimento a escola pública, cuja qualidade vai se tornando cada vez mais duvidosa.
A acelerada urbanização da vida brasileira vai deixando à margem do progresso um contingente humano cada vez mais numeroso, sem os direitos sociais coletivos garantidos, dentre os quais o direito a educação, onde sua falta corresponde a uma forma de exclusão social completa: exclusão em termos de trabalho e renda, não participação na vida cultural da cidade e desigualdade em relação as demais. Significa uma incapacidade do cidadão exigir outros direitos humanos básicos, a que faz jus. assim é que a educação precária e a pobreza fundiram-se de forma inseparável, como elementos inerentes da exclusão social moderna.

Referencia Bibliografica: LOUREIRO, Violeta R. Educação e sociedade na Amazônia em mais de meio século. Revista Cocar, v.1, n. 1, jan-jun, 2007, pp. 17-58.

O Cenario da Educação nos anos 40 e 50

Políticos, fazendeiros, seringalistas, exploradores de  minerios e diamante, comerciantes em geral e outros membros de prestigio na sociedade exerciam suas atividades produtivas sem que tivessem sequer, o curso ginasial (que equivalia a grosso modo aos 4 ultimos anos do atual ensino fundamental).
Haviam poucas escolas e raras ofereciam as seires mais avançadas de ensino primario. Poucos entretanto, após esta fase matriculavam-se no curso primário, disponível nas cidades de maior porte e nas sedes dos municipios mais destacados economicamente. O curso ginasial, existia apenas nas capitais do estado e territorios federais e nas cidades maiores.
Tratava-se de um universo predominantemente não letrado, onde a educação formal não se afigurava como uma necessidade básica para todos os cidadãos e onde as escolas não sobressaíam no espaço físico nem na vida social. O domínio da leitura e da escrita funcionava como um símbolo de erudição, um traço que caracterizava algumas familias de maior renda ou prestígio político. Embora a educação fosse considerada como um valor intelectual relevante para a formação das pessoas, esse valor tornava-se, realmente essencial, quando alguém pretendia dedicar-se a uma profissão específica que exigia uma formação em nível superior. A educação escolar não era considerada como elemento fundamental da inclusão plena de alguém na sociedade ou de sua exclusão da mesma.
A causa disto era que a economia extrativista sobrevivia sem exigir do homem/mulher da Região uma educação mais sólida e estruturada; ao invéz disso, cobrava-lhe uma intensa articulação e um vasto conhecimento da natureza amazonica. Outra causa era a falta de informação escrita no cotidiano das pessoas, que as obrigasse a ler com frequencia; e de outro as atividades produtivas naqueles anos não exigiam este esforço, como ja foi dito acima. Assim era comum, na época alguém ter aprendido a ler e escrever durante a infancia ou adolescencia e ter retornado à condição de analfabeto quando adulto; terceiro, a reduzida escolaridade da população em geral, não tinham, como hoje, uma relação direta com a condição de pobreza do indivíduo, nem com sua inserção ou marginalização na sociedade; Por ultimo, apesar de haver um número significativo de escolas privadas ligadas a instituições religiosas e assistenciais, atuando gratuitamente nos moldes da escola pública, em termos de qualidade de ensino, não havia, como hoje, uma clara dicotomia entre ensino público e privado, caracteristicas que hoje, em todo Brasil, é altamente responsável pela reprodução das desigualdades sociais e culturais.
A função da escola estava centrada na leitura e na escrita. Ela existia e gozava de prestígio social porque era indispensável para ensinar a ler, escrever e contar, onde os professores desempenhavam suas tarefas voltados para este elemento norteador onde os recursos pedagógicos eram escassos.

A escola primária tinha caracteristicas boas e ruins:


BOAS - Sob o pornto de vista cultural, esta limitação no ensino (restrito de títulos e livros), funcionava como um valioso elemento de unidade entre as milhares de crianças da região; Como o aluno passava um tempo muito curto de sua vida escolar, era possível ter um número reduzido de alunos por sala. esta situação permitia que professores e dirigentes de escolas tivessem uma relação mais próxima com os alunos, conhecendo grande número deles e acompanhando-os a cada passo do seu desenvolvimento intelectual

RUINS - Devido a época sofrer de escassos recursos culturais, o material didático disponível era reduzido e pobre, cartilhas que apresentavam frases absurdamente soltas e descontextualizadas como "Ivo viu a uva" e "a ema é da ama", exigiam um esforço de imaginação fantástico por parte de professores que, jamais tinham visto uma uva ou uma ema na Região e que estranhavam os nomes dos animais e coisas mencionadas nos livros, mas inexistentes na Região.
Na época existiam dois livros didáticos de leitura e escrita, a "Cartilha Paraense" e "Amazônia", ambos destinados a alunos de 1ª a 4ª série do curso primário.

O problema é que como a realidade social era outra, problemas que hoje afetam e pertubam a sociedade brasileira e, em especial, a vida das crianças e jovens como afastam as crianças da rua mandando-as para a escola.


Ø  Referencia Bibliografica: LOUREIRO, Violeta R. Educação e sociedade na Amazônia em mais de meio século. Revista Cocar, v.1, n. 1, jan-jun, 2007, pp. 17-58.

E o salário ó...!

Tem coisas que são para os fortes e não para os fracos e a Educação no Brasil é uma delas.
A Professora Amanda Gurgel disse um pouco de tudo aquilo que um professor realmente comprometido com a Educação gostaria de dizer um dia àqueles que ficam decidindo pela categoria sem nunca pisar numa saula de aula de escola pública realmente.
Aplausos a esta professora!