segunda-feira, 30 de maio de 2011

Velhos e novos desafios

Mais uma vez o foco da educação precisa mudar. Deve deixar de ser, simplesmente, o ensino de conteúdos curriculares. Isto significa mudar a propria finalidade da educação básica, tornando-a mais útil para o aluno - na medida em que buscar cada vez mais, sua formação para a vida em sociedade, e não apenas para ajudá-lo a ultrapassar, com sucesso, as avaliações escolares. Proporcionar uma educação para a vida e para o mundo, e não para dentro da escola somente com o objetivo de desenvolver-se intelectual, moral afetiva e fisicamente.
Isto é indispensável para que o estudante saído de uma escola pública tenha condições identicas às dos demais para enfrentar e concorrer o mercado de trabalho.
Essas mudanças objetivam desenvolver problemas novos que aparecem em sua vida cotidiana. Isto ocorre na medida em que o aluno compreende que os conhecimentos teóricos servem para explicar os fenômenos naturais e fatos sociais, em que ele aprende vincular teoria à realidade, teoria e prática, ao invéz de considerar a teoria como algo descolado da realidade, como um conhecimento que serve somente para ser testado na escola, sob a forma de avaliação.
Endim, escola e o currículo devem se converter em espaços de construção de saberes, competencias e habilidades do indivíduo, e não apenas de transmissão de conhecimentos. É ensinar esse aluno, tomando como ponto de vista os requisitos que a sociedade exige dele.
O cenário atual exige novas competencias, que a capacidade do indivíduo possibilite mobilidade em busca de trabalho e melhoria de vida. Adquirir competencias gerais, que habilitam o individuo a atuar num mundo onde os conteúdos memorizados não têm mais importancia que tiveram num passado ainda recente, quando o desenvolvimento cientifico e tecnológico se desenvolvia e se propagava no mundo com muito menor rapidez.
Hoje é preciso capacidade de se expressar oralmente, de ler, entender e de criticar um texto lido, uma capacidade de argumentar e elaborar propostas. Possibilitar ao indivíduo a capacidade de continuar seus estudos e aprender mesmo após ter saído dos bancos da escola, ajudando-o a ter autonomia, garantindo-lhe a preparação básica para o trabalho e a cidadania, como indivíduo ativo. Isto não significa que o professor seja obrigado a utilizar, necessariamente, materiais pedagógicos caros e inacessíveis à escola pública.
Os problemas atuais são que a medida que a escola pública brasileira foi ficando defasada em relação a sociedade e com turmas cada vez mais numerosas, e que os salários foram ficando desgastados, os professores passaram a sentir, cada vez mais, responsáveis por suas disciplinas individuais, o que já consome grande parte de suas energias; e cada vez menos responsáveis pela formação integral do aluno como pessoa.
Assim, a escola vem perdendo de vista, o objetivo de atuar como instituição formadora de valores éticos e sociais do aluno para a vida em sociedade. E foi se concentrando, cada vez mais, em conhecimentos específicos das diversas disciplinas.
É necessário romper a política de invisibilidade das diferenças regionais, que a nação tem sustentado em relação à Amazônia, quando se trata de conferir a ela recursos específicos e mais volumosos que os habituais. A criação do FUNDEB ( Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da educação Básica e de Valorização dos Profissionais de Educação) e a extensão do ensino fundamental para 09 anos abrem uma nova fase da educação na Região. A questão se vê encapsulada numa questão mais abrangente, a chamada questão regional e exige da sociedade e do Estado, um empenho persistente e incansável na execução de programas e ações conjuntos e regionalmente diferenciados.
Para recuperar o prestígio do passado, a escola agora precisa deixar de ser o lugar do conteúdo memorizado para converter-se num lugar onde a informação é discutida, criticada, analisada; lugar onde o aluno pode refletir (com base em conhecimentos sistematizados e científicos, sobre os fenômenos naturais e os fatos sociais), discutir e manifestar-se sobre o mundo atual ( as mudanças economicas, sociais, os avanços científicos e tecnológicos e suas consequencias sobre a vida social; lugar onde os avanços teóricos da ciencia e da tecnologia moderna são ensinados e demonstrados a partir de exemplos e de vinculações com objetos e situações da vida cotidiana da sociedade em que o aluno vive. É preciso construir uma nova relação professor-aluno e professor-conhecimentos a transmitir.
A teoria não está confinada aos livros; está presente e se materializa nos objetos da casa, da escola, na rua, etc... possibilitando inumeras articulações entre teoria/tecnologia/realidade. No mundo moderno, a capacidade cognitiva do indivíduo constituiu-se num recurso para o desenvolvimento, tão importante quanto o capital que se apresentava para nós.


Referencia Bibliografica: LOUREIRO, Violeta R. Educação e sociedade na Amazônia em mais de meio século. Revista Cocar, v.1, n. 1, jan-jun, 2007, pp. 17-58.

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