Existe grande enfase na idéia da indivisibilidade dos direitos das diferentes gerações, no entanto, a exigibilidade desses direitos, imprescindiveis para não ficarem só no campo da retórica, ainda é muito frágil principalmente no que diz respeito aos direitos sociais, econômicos e culturais, o que provoca nos diferentes grupos sociais descrédito e indiferença pois aparentam valer para algumas classes sociais.
Os direitos humanos são apresentados como universais, mas existem diferenças culturais diversas, assim como modos de situar-se diante da vida, dos valores, etc. É possivel construir uma articulação entre o universal e o particular, o universal e o relativo? Para poderem operar como forma de cosmopolitismo rebelde, como globalização contra-hegemônica, os direitos humanos têm de ser reconceitualizado como interculturais e não dentro da pespectiva do "localismo globalizado" ( processo pelo qual determinada realidade local e globalizada com sucesso)
Premissas para reconceitualização dos direitos humanos:
- É necessário propor diálogos interculturais sobre preocupações convergentes, ainda que expressas a partir de diversos universos culturais. Somente assim seremos capazes de construir algo juntos, um projeto comum. É necessário negar tanto o universalismo quanto o relativismo absolutos. É preciso superar este debate;
- Temos de ter sensibilidade para descobrir em cada universo sociocultural essa idéia de dignidade humana que traduzimos como direitos humanos;
- Aumentar a consciência de incompletude cultural de forma positiva;
- Existem culturas mais abertas e outras mais fechadas no que tange a dignidade humana. É necessário identificar e potencializar aquelas versões mais abertas, amplas e que apresentam um círculo de reciprocidade mais amplo, que favoreçam o diálogo a/outras culturas;
- Não distribuir as pessoas e os grupos sociais entre dois princípios competitivos de pertença hierarquica: - o da igualdade e da diferença.
O "x" da questão:
Como trabalhar a igualdade na diferença?
"Temos o direito a ser iguais, sempre que a diferença nos inferioriza; temos o direito de ser diferentes sempre que a igualdade nos descaracteriza" (Santos 2006)
Essas pespectivas nos levam a discutir diferentes concepções do multiculturalismo presente nas sociedades contemporaneas.
As diferentes abordagens do multiculturalismo
Convem ter sempre presente que o multiculturalismo não nasceu no ambito academico. São as lutas dos grupos sociais, discriminados e excluídos de uma cidadania plena que constituem o local de produção do multiculturalismo, principalmente grupos étnicos. Sua entrada na academia é fragil e objeto de muitas discusões.
Outra dificuldade para penetrar na problematica do multiculturalismo refere-se à polissemia do termo. A necessidade de adjetivá-lo evidencia essa realidade. Situação essa, que levantam fortes questionamentos teóricos em relação ao seu papel na sociedade, pois não são levados devidamente os fatos em consideração ou, quando é feito, são levados apenas aspectos mais superficiais, sem distinguir com maior profundidade as diferentes posições, ou fazem grandes generalizações.
Um 1º passo é distinguir duas abordagens fundamentais: uma descritiva, outra prescritiva.
- DESCRITIVA: Enfatiza-se a descrição e a compreenssão da construção da formação multicultural de cada contexto específicos;
- PRESCRITIVA: Entende o multiculturalismo não simplesmente como um dado da realidade, mas como uma maneira de atuar, de intervir, de transformar a dinamica social.
Entender essas abordagens servem para trabalhar as relações culturais e conceber políticas publicas na sociedade.
Referencia Bibliografica: CANDAU, Vera Maria. Direitos Humanos, educação e interculturalidade: as tensões entre igualdade e diferença. Revista Brasileira de Educação. v. 13, n. 37,jan-abr, 2008, pp. 45-56.
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