terça-feira, 14 de junho de 2011

Alguém pode me explicar umas coisinhas?


Ontém eu estava conversando com uma amiga da área da segurança pública e sabem o que eu descobri? que aqui na Amazõnia, um detento custa R$1200,00 cada. É muita falta de absurdo mesmo! isto sem falar que no presidio eles tem 03 refeições, segurança, regalias como visitas íntimas, acesso a tv e celular, banho de sol; A sim, eles estão presos. Mas e os estudantes que estão "livres", tem direito a alguma coisa? a sim,  R$ 315,00 é o custo de um estudante, escolas sucateadas, livros didáticos rasgados, com informações erradas; E os professores? R$ 534,46 é o salário de um professor iniciante e R$ 950,00 a docentes que trabalhassem 40 horas semanais na melhor das hipoteses, porque todo mundo sabe que o trabalho de um professor de escola pública é insano!
E vocês sabem quanto ganha um vereador no Pará? R$ 4 mil (bruto, fora as regalias).

E aí qual vcs acham que preferem ser: criminosos, deputado, alunos ou  professores?

Que os docentes me perdoem esta comparação de muito mau gosto, mas é só pra que possamos refletir sobre esta completa inversão de valores. E ainda vem um governo que tem a pachorra de dizer que "está melhorando", resta saber pra quem, para os professores, para os alunos e pra educação é que não é!

Identidade profissional: O ser e estar na profissão

Nóvoa(1997, p.34) explica que "(...) a identidade não é um dado adquirido, não é uma propriedade, não é um produto. A identidade é um lugar de lutas e conflitos, é um espaço de construção de maneiras de ser e estar na profissão".

Essa referencia deixa claro que a identidade profissional se constrói com base no significado dos movimentos reivindicatorios dos docentes e no sentido que o profissional confere  a seu trabalho, definindo o que quer e o que não quer e o que pode como professor.

A construção da identidade docente é uma das condições para a sua profissionalização e envolve o delineamento da cultura do grupo de pertença profissional, sendo integrada ao contexto sociopolitico.
A construção da identidade docente, três dimensões são fundamentais: o desenvolvimento pessoal, que se refere aos processos de construção de vida do professor; o desenvolvimento profissional, que diz respeito aos aspectos da profissionalização docente; e o desenvolvimento institucional, que se refere aos investimentos da instituição para a obtenção de seus objetivos educacionais(Novoa 1992).

A identidade docente é uma construção que permeia a vida profissional desde o momento de escolha da profissão, passando pela formação inicial e pelos diferentes espaços institucionais onde se desenvolve a profissão, o que lhe confere uma dimensão no tempo e no espaço. É construída sobre os saberes profissionais e sobre atribuições de ordem etica e deontologia. Sua configuração tem a marca das opções tomadas, das experiências realizadas, das práticas, "(...) quer ao nível das representações quer ao nivel do trabalho concreto"(Novoa 1992,p.116)

Pimenta e Anastasiou nos ensina "(...) uma identidade profissional se constroi, pois, com base na significação social da profissão; na revisão constante dos significados sociais da profissão; na revisão das tradições.Mas também com base na reafirmação de praticas consagradas culturalmente que permanecem significativas. (...) Constroi-se, também, pelo significado que cada professor, enquanto ator e autor, confere a atividade docente em seu cotidiano, em seu modo de situar-se no mundo, em sua historia de vida, em suas representaçoes, em seus saberes, em suas angustias e anseios, no sentido que tem em sua vida o ser professor".(2002,p.77)

Em sintese, e reinterando as considerações feitas po Pimenta e Anastasiou 92002), posso afirmar que a identidade do professor significa fazer parte de uma profissão em constante processo de revisão dos significados sociais.


Na formação de professores, é possivel encontrar diferentes extruturas de racionalidades, uma vez que as concepções de docencia variam de acordo com as diferentes abordagens e orientações.

Vale ressaltar a importancia no conhecimento profundo de como a imagem do professor vem sido concebida e, consequentemente, quais tem sido os pressupostos que fundamentam os projetos pedagogicos para a sua formação.

Espera-se que os pontos de discussão apresentados possam contribuir para o debate a respeito da melhoria do desempenho docente e da necessidade imperiosa da formação. É preciso ficar claro que a formação docente é uma ação continua e progressiva, que envolve diversas instancias e que atribui valorização significativa para a pratica pedagogica e para experiencia, consideradas componentes constitutivos da formação. Ainda ha a necessidade de destacar que o exercicio da docencia envolve saberes especificos, os saberes pedagogicos e os saberes construidos nos espaços experimentais.

A docencia é, portanto, uma atividade profissional complexa, pois requer saberes diversificados. isto significa reconhecer que os saberes que dão sustentação a docencia exigem uma formação profissional numa pespectiva teorica e pratica.

Referencia Bibliografica: VEIGA, Ilma Passos Alencastro Veiga e D’AVILA, Cristina. Profissão Docente: novos sentidos, novas perspectivas. Campinas: Papirus, 2008.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

O Sentido da formação de Professores

Na etimologia, formação vem do latim formare; "como verbo transitivo, significa dar forma, e como verbo intransitivo, coloca-se em formação; como verbo pronominal, ir-se desenvolvendo uma pessoa" (Donato 2002, p.138). O termo formação, de acordo com ferreira (1989), é "o ato ou o modo de formar" e significa "dar forma a algo; ter a forma; pôr em ordem; fabricar; tomar forma; educar".

A formação de professores constitui o ato de formar o docente, educar o futuro profissional para o exercicio da profissão. É uma ação desenvolvida com alguém que vai desempenhar a tarefa de ensinar, pesquisar, avaliar, educar.

A formação de professores, entendida na dimenssão social, deve ser tratada como direito, superando o momento das iniciativas individuais para aperfeiçoamento próprio, partindo das esferas da política pública. Como afirma leitão de Mello (1999, p.26), formação

(...) é um processo inicial e continuado, que deve dar respostas aos desafios do cotidiano escolar, da contemporaneidade e do avanço tecnológico. O professor é um dos profissionais que mais necessidade tem de se manter atualizado (sic), aliando à tarefa de ensinar a tarefa de estudar. Transformar essa necessidade em direito fundamental para o alcance de sua valorização profissional e desempenho em patamares de competência exigidos pela sua própria função social.

Por essa ótica, formação assume uma posição de "inacabamento", vinculada à história ede vida dos sujeitos em permanente processo de formação. É inconcluso e autoformativo. A esse respeito Freire afirma que é importante que "(...) desde o começo do processo, vá ficando cada vez mais claro que, embora diferentes entre si, quem forma se forma e reforma ao formar e quem é formado forma-se e forma ao ser formado" (1998, p.25)

Assim, ao falar de formação de professores, vem a tona alguns enunciados que merecem nossa atenção:
  • Trata-se de uma formação contínua e progressiva que envolve varias estancias e atribui uma valorização significativa para a prática pedagógica, para a experiência, como componente constitutivo da formação. Ao valorizar a prática como componente formador, em nenhum momento assume-se a visão dicotomica da relação teoria-pratica. A prática profissional da docencia exige uma fundamentação teórica explicita. A teoria também é ação e a pratica não é receptaculo da teoria.estas não são um conjunto de regras. É formulada e trabalhada com base no conhecimento da realidade concreta. A prática é o ponto de partida e de chegada do processo de formação;
  • É contextualizada histórica e socialmente e, sem dúvida, constitui um ato político. O processo de formação deve ser compatível com o contexto social, político e econômico comprometido - tecnica e politicamente - com a construção de pespectivas emergentes e emancipatórias que se alinhem com a inclusão social;
  • Implica em preparar professores para o incerto, para a mutação e para as situações tecnicas e até chocantes que lhes exijam um maior esforço para a paz e o desenvolvimento de maiores capacidades de resiliência, segundo Alarcão e Tavares;
  • É inspirada por objetivos que sinalizam a opção política e epistemológica adotada;
  • Significa - como processo - uma articulação entre formação pessoal e profissional. É uma forma de encontro/confronto de experiencias vivenciadas. Segundo Fávero "(...)aceitar a formação profissional como um fracasso significa aceitar que também não há uma formação "fora" de qualquer relação com os outros, mas "dentro" da relação com a realidade concreta"(2001,p.67);
  • Trata-se de um procedimento coletivo de construção docente. Não é uma construção isenta de conflito, mas torna-se mais produtiva se e quando partilhada;
  • A formação de professores deve também "(...) reservar tempo e ocasiões para o desenvolvimento de atitudes de cooperação e soliedariedade. Deve passar ainda pela descoberta do outro e pela elaboração de pensamentos autonomos e criticos que deem aos sujeitos o poder de decidir por si mesmos"(Veiga 1999,p.181)
Portanto, a formação de professores desenvolve-se num contexto de coletividade. Articula-se com as escolas, com seus projetos, no sentido de que o profissional muda a instituição e muda com a instituição consolidando a construção de saberes e valores próprios

Referencia Bibliografica: VEIGA, Ilma Passos Alencastro Veiga e D’AVILA, Cristina. Profissão Docente: novos sentidos, novas perspectivas. Campinas: Papirus, 2008.

Docência como Atividade Profissional

 O intuito de  escrever estes posts sobre a docencia é que eu observo e observei que quando fazia minha faculdade de licenciatura, com seus quarenta e tantos alunos, só na minha sala de aula, se 10% ou seja, quatro, seguisem realmente a carreira de docente, com todo amor que ela merece, é muito! A maioria tava lá pra pegar um diplona pra dizer que tem um, ou seja, status, ou pra melhor a verba fazendo um concurso público que não tem nada a ver com a docencia mais poder concorrer com título de superior, e pior, aqueles que se não arrumarem nada pra fazer na vida, vão usar a profissão pra não ficar desempregado. Bom, motivos não faltam, apesar dos mais torpes possíveis, eu só ouvi uma pessoa além de mim que dizia que seria professor concerteza. Gente que você nota que não sabe nem porque tá no mundo quiça na profissão. É de chorar de tristeza! mas enfim, espero que alguem que realmente ame ser professor leia este post e resolva seguir este caminho justamente por querer ser parteira como eu. Sim, parteira de almas, como eu costumo dizer. E saber realmente o que a profissão significa, seu perfil, suas exigencias.Por isso, nada melhor que começas com um texto de Ilma Passos Alencastro Veiga.

A docência: Características básicas

No sentido etmológico, docência tem suas raízes no latim docere, que significa ensinar, instruir, mostrar, indicar, dar a entender. Este registro, na língua portuguesa, é datado de 1916, o que implica dizer que a apropriação do termo é algo novo no espaço dos discursos sobre educação.

No sentido formal, a docência é o trabalho dos professores, o conjunto de funções que ultrapassam a tarefa de ministrar aulas.  As funções formativas convencionais, como ter um bom conhecimento sobre a disciplina e sobre como explicá-la, foram tornando-se mais complexas com o tempo e com o surgimento de novas condições de trabalho.

Não há dúvidas que estamos diante de um processo de ampliação do campo da docência. Por considerar a docência como uma atividade especializada, defendo sua importancia no bojo da visão profissional. Assim, uma das caracteristicas fundamentais gira em torno da docência como profissão. A docência requer formação profissional para seu exercício: conhecimentos específicos para exercê-lo adequadamente ou, no mínimo, a aquisição das habilidades e dos conhecimentos vinculados à atividade docente para melhorar sua qualidade.

Outra caracteristica da docência está ligada a inovação quando rompe com a forma conservadora de ensinar, aprender, pesquisar e avaliar, reconfigurar saberes, procurando superar dicotomias entre conhecimento cientifico e senso comum, ciência e cultura, educação e trabalho, teoria e pratica etc.; Explora novas alternativas teorico-metodologicas em busca de outras possibilidades de escolha; procura a renovação da sensibilidade ao alicerçar-se na dimensão estética, no novo, no criativo, na inventividade; ganha significado quando é exercida com ética.

Formar professores implica compreender a importancia do papel da docência, propiciando uma profundidade científico pedagógica que os capacite a enfrentar questões fundamentais da escola como instituição social, uma prática social que implica as ideias de formação, reflexão e crítica.

Referencia Bibliografica: VEIGA, Ilma Passos Alencastro Veiga e D’AVILA, Cristina. Profissão Docente: novos sentidos, novas perspectivas. Campinas: Papirus, 2008.

E agora educação?


O significado de todo acontecimento depende do “molde” pelo qual vemos. Quando mudamos de molde, mudamos o significado. A isto se chama “resignificar”. Quando o significado se modifica, as respostas e comportamentos da pessoa também se modificam; E isto não é algo novo, a resignificação é o elemento chave para o processo criativo; Trata-se da habilidade de situar o evento comum num molde útil ou capaz de proporcionar prazer. Mas e a profissão docente? Ao que parece, o velho modelo iluminista de ensino não consegue responder às complexas indagações da sociedade do conhecimento. Nas tessituras das práticas profissionais, uma inquietação vem assolando verdades dantes inquestionáveis: a tradição troncular do ensino, o modelo curricular disciplinar, o trabalho docente e os saberes hierarquicamente estabelecidos – elementos estes continuamente postos em xeque.
Essas indagações chocam-se também com os cenários nos quais se desenrolam as práticas docentes no Brasil. A ausência de políticas governamentais de qualidade voltadas à formação inicial e continuada de professores não tem desencadeado conseqüências positivas para a melhoria das condições de trabalho docente e, por conseguinte, para um maior reconhecimento da profissão. A busca incessante por culpados e inocentes tem condenado, muitas vezes, o docente e, outras vezes, os próprios estudantes, como se o processo educacional escolar fosse responsabilidade exclusiva destes
Que processos envolvidos na formação e na profissionalização, embora imbricados dialeticamente, mas diferentes entre si podem somar?
É entristecedor ver o colapso na rede de ensino.
Eu nunca vi nenhum lugar crescer tratando os professores pior que porcos, dando a eles algumas migalhas e exigindo que trabalhem bem. Mas esta parece ser a intenção dos governantes; Querem gente com pouca informação, que não saiba dos seus direitos, criando uma massa ignóbil e acomodada, que aceita a falta de escolas, infra-estrutura; Gente que acha tudo o que seus governantes fazem é um mero favor, que não entende que pagam impostos altíssimos em tudo, gente que acredita nas propagandas e que vota de quatro em quatro anos. 


 A formação está ligada as capacidades específicas da profissão, mas notamos que são necessárias muitas outras atitudes por parte de TODOS.  Tudo isso não se resume à formação profissional, embora a inclua, mas envolve outras características de cunho também subjetivo, como aptidões, atitudes, valores, formas de trabalho que se vão construindo no exercício da profissão.
Governantes que não entendem que não se pode ser sábio quando cercados de ignorância.

Referencia bibliografica:  Profissão docente: Novos sentidos, novas perspectivas; Ressignificando (Richard Brandler e John Grinder)

Do direito e do dever de mudar o mundo

Todos podem mudar o mundo para melhor, fazê-lo menos injusto, mas a partir da realidade concreta vislumbradas em sua geração e não fundadas em devaneios ou falsidades sem raízes.
O que não se pode é deixar de sonhar estes projetos. A transformação do mundo necessita tanto do sonho quanto a indispensável autenticidade da dependente lealdade de quem sonha as condições históricas, materiais, tecnológicas, científicas do contexto do sonhador. Os sonhos são projetos pelos quais se luta. E sua realização não existe sem obstáculos. Implica um fazer e refazer de estratégias, de luta. Mudar o mundo é um ato político e tem seus contra-sonhos. Tudo faz parte de marcas antigas que envolvem compreensões de realidades, interesses de grupos, preconceitos e ideologias que se perpetuam em contradição a modernidade. Não há atualidade que não seja palco de confrontos, forças marcantes do passado colonialista, em obstáculo aos avanços modernos. Marcas de um passado que insiste em ficar, mas incapaz de perdurar, insistindo e prolongando sua presença em detrimento da mudança.
Toda ação mobilizadora mostra sua eficácia pela contestação. A luta ideológica, política e pedagógica, e ética tanto se verifica em casa, nas relações, na escola, no trabalho, não importando o seu grau. O importante se sou coerente, é testemunhar o meu respeito à dignidade do outro ou da outra. Ao ser direito de ser em relação ao seu direito de ter.
Esta certeza só vem da confiança que mudar é difícil, mas é possível. É o que nos faz recusar qualquer posição fatalista dando-lhe um poder determinante, do qual nada se pode fazer.
Por maior que seja a força oposta condicionante, não se pode aceitar a total passividade perante ela. Na medida em que aceitamos que a tecnologia ou a ciência pouco importa, não temos outro caminho a não ser renunciar nossa capacidade de pensar, de conjecturar, de escolher, de decidir, de projeta e sonhar. Quem não viabiliza a cão por achar-se vencido perde a concretização de sonhar diferente. Esgota a nossa presença ética no mundo.
O fato do ser humano reconhecer o quão influenciado e condicionado está pelas estruturas econômicas o faz também capacitá-lo de intervir nestas estruturas. O contrario da intervenção é a acomodação e deve ser contestada. A adaptação é apenas um momento do processo de intervenção no mundo. É esta a diferença entre condicionamento e determinação. Neguemos a problematização do futuro numa visão mecanicista da historia; Isto só leva a morte dos sonhos e a negação e a negação autoritária da esperança. É que na expressão mecanicista e determinista da historia o futuro já é sabido, e a luta pelo futuro é precedido pela esperança.
O futuro não nos faz. Nós é que nos refazemos na luta para fazê-lo!
Se deve lutar contra a robustez do poder dos poderosos que a globalização intensificou ao mesmo tempo em que debilitou a fraqueza dos frágeis.
Se as estruturas econômicas dominantes nos deixam dóceis, em nome do quê fazer esta luta política que não seja em nome da ética universal do ser humano? Em nome da necessária transformação da sociedade de que decorra a superação das injustiças desumanizantes. Tudo isso porque não sou determinado pelas estruturas econômicas. Por isso, é impossível negar a importância fundamental da subjetividade na história. É percebendo e vivendo a história como possibilidade que experimento plenamente a capacidade de comparar, de ajuizar, de escolher, de decidir, de romper. É assim que mulheres e homens etcizam o mundo, podendo, por outro lado, tornar-se transgressores da própria ética.
A escolha e a decisão, atos de sujeitos, de sua inteligência como tempo de possibilidade necessariamente sublinham a importância da educação que, não podendo jamais ser neutra, tanto pode estar a serviço da decisão, da transformação do mundo, da inserção crítica nele, quanto a serviço da imobilização, da permanência possível das estruturas injustas, da acomodação dos seres humanos à realidade tida como intocável. Por isso, não só falar, mas sim defender, viver uma pratica educativa radical, estimuladora da criatividade crítica à procura sempre das razões de ser dos fatos.  E compreende-se perfeitamente como tal pratica não pode ser aceita, pelo contrario, tem que ser recusada, por quem tem necessidade de manter a defesa de seus interesses. Reconhecendo na educação sua força, constatando a possibilidade que tem os seres humanos de assumir tarefas históricas e o dever de não aceitar posturas fatalistas. O nosso testemunho, se somos progressistas, se sonhamos com uma sociedade menos agressiva, menos injusta, menos violenta, mais humana, deve ser o de quem, dizendo “não” a qualquer possibilidade em face dos fatos, defende a capacidade do ser humano de avaliar, de comparar, de escolher, de decidir e, de finalmente, de intervir no mundo.
 As crianças precisam ter assegurado o direito de aprender a decidir, o que se faz decidindo. Se as liberdades não se constituem entregues a si mesmas, mas na assunção ética de necessários limites, a assunção ética desses limites não se faz sem riscos a serem corridos por elas e pelas autoridades com que dialeticamente se relacionam.
 No aprendizado, é preciso saber que às vezes sem nenhum desrespeito a sua própria autonomia, as crianças precisam atender à expectativa do outro. Mais ainda é necessário que ela aprenda que, a sua autonomia só se autentica no acatamento a autonomia dos outros.
A tarefa progressista está em estimular, possibilitar, nas circunstancias mais diferentes, a capacidade de intervenção no mundo, jamais o seu contrário, o cruzamento de braços em face dos desafios, mas com responsabilidade. Recusar a determinação não significa negar os condicionamentos
Não somos apenas objetos dos fatos sociais e econômicos, a eles adaptando-nos, mas sujeitos históricos também, lutando por outra vontade diferente: a de mudar o mundo, não importando que esta briga dure um tempo tão prolongado que, às vezes, nela sucumbam gerações.


Referencia Bibliografica: Pedagogia da Indignidade – Paulo Freire