quarta-feira, 13 de julho de 2011

A Escola serve Pra que ?


Um trailer do documentario sobre a função social da escola ou a escola serve pra que? Entrevistamos representantes do poder publico, maies, pais, diretores, professores e a sociedade em geral com a mesma duvida. E para voce a escola serve pra que ?
www.erdfilmes.com

terça-feira, 12 de julho de 2011

Viviane Mosé - Ser ou não ser / Educação

Mais uma pérola de reportagem que vale a pena ser assistida e refletida!


Parte I


Parte II



Parte III


Parte IV


Parte V


Parte VI


Parte VII

Viviane Mosé - Café Filosófico - Educação

A Viviane Mosé é uma profissional da qual eu tenho uma grande admiração e acredito pertinente todas as considerações que ela nos coloca. Por isso, vocês a assistirão muito por aqui, pois sua forma questionadora nos faz refletir o mundo da educação. Vocês irão assisti-la muito neste blog por isso, espero que aproveitem!


Na abertura, apresentando o módulo e falando sobre os "Desafios contemporâneos - a educação", teremos a filósofa e professora Viviane Mosé, falando sobre a escola fragmentada, dividida em disciplinas e grades curriculares, e distante da vida dos professores e alunos, e que, ao mesmo tempo, se deparar, a cada dia, com um mundo que faz perguntas cada vez mais globais e urgentes, como a necessidade de considerar o todo, o planeta, a cidade. Quais os desafios da educação no mundo contemporâneo?



Parte I


Parte II


Parte III


Palestra de Viviane Mosé no programa Café Filosófico CPFL gravada no dia 4 de setembro, em Campinas

terça-feira, 14 de junho de 2011

Alguém pode me explicar umas coisinhas?


Ontém eu estava conversando com uma amiga da área da segurança pública e sabem o que eu descobri? que aqui na Amazõnia, um detento custa R$1200,00 cada. É muita falta de absurdo mesmo! isto sem falar que no presidio eles tem 03 refeições, segurança, regalias como visitas íntimas, acesso a tv e celular, banho de sol; A sim, eles estão presos. Mas e os estudantes que estão "livres", tem direito a alguma coisa? a sim,  R$ 315,00 é o custo de um estudante, escolas sucateadas, livros didáticos rasgados, com informações erradas; E os professores? R$ 534,46 é o salário de um professor iniciante e R$ 950,00 a docentes que trabalhassem 40 horas semanais na melhor das hipoteses, porque todo mundo sabe que o trabalho de um professor de escola pública é insano!
E vocês sabem quanto ganha um vereador no Pará? R$ 4 mil (bruto, fora as regalias).

E aí qual vcs acham que preferem ser: criminosos, deputado, alunos ou  professores?

Que os docentes me perdoem esta comparação de muito mau gosto, mas é só pra que possamos refletir sobre esta completa inversão de valores. E ainda vem um governo que tem a pachorra de dizer que "está melhorando", resta saber pra quem, para os professores, para os alunos e pra educação é que não é!

Identidade profissional: O ser e estar na profissão

Nóvoa(1997, p.34) explica que "(...) a identidade não é um dado adquirido, não é uma propriedade, não é um produto. A identidade é um lugar de lutas e conflitos, é um espaço de construção de maneiras de ser e estar na profissão".

Essa referencia deixa claro que a identidade profissional se constrói com base no significado dos movimentos reivindicatorios dos docentes e no sentido que o profissional confere  a seu trabalho, definindo o que quer e o que não quer e o que pode como professor.

A construção da identidade docente é uma das condições para a sua profissionalização e envolve o delineamento da cultura do grupo de pertença profissional, sendo integrada ao contexto sociopolitico.
A construção da identidade docente, três dimensões são fundamentais: o desenvolvimento pessoal, que se refere aos processos de construção de vida do professor; o desenvolvimento profissional, que diz respeito aos aspectos da profissionalização docente; e o desenvolvimento institucional, que se refere aos investimentos da instituição para a obtenção de seus objetivos educacionais(Novoa 1992).

A identidade docente é uma construção que permeia a vida profissional desde o momento de escolha da profissão, passando pela formação inicial e pelos diferentes espaços institucionais onde se desenvolve a profissão, o que lhe confere uma dimensão no tempo e no espaço. É construída sobre os saberes profissionais e sobre atribuições de ordem etica e deontologia. Sua configuração tem a marca das opções tomadas, das experiências realizadas, das práticas, "(...) quer ao nível das representações quer ao nivel do trabalho concreto"(Novoa 1992,p.116)

Pimenta e Anastasiou nos ensina "(...) uma identidade profissional se constroi, pois, com base na significação social da profissão; na revisão constante dos significados sociais da profissão; na revisão das tradições.Mas também com base na reafirmação de praticas consagradas culturalmente que permanecem significativas. (...) Constroi-se, também, pelo significado que cada professor, enquanto ator e autor, confere a atividade docente em seu cotidiano, em seu modo de situar-se no mundo, em sua historia de vida, em suas representaçoes, em seus saberes, em suas angustias e anseios, no sentido que tem em sua vida o ser professor".(2002,p.77)

Em sintese, e reinterando as considerações feitas po Pimenta e Anastasiou 92002), posso afirmar que a identidade do professor significa fazer parte de uma profissão em constante processo de revisão dos significados sociais.


Na formação de professores, é possivel encontrar diferentes extruturas de racionalidades, uma vez que as concepções de docencia variam de acordo com as diferentes abordagens e orientações.

Vale ressaltar a importancia no conhecimento profundo de como a imagem do professor vem sido concebida e, consequentemente, quais tem sido os pressupostos que fundamentam os projetos pedagogicos para a sua formação.

Espera-se que os pontos de discussão apresentados possam contribuir para o debate a respeito da melhoria do desempenho docente e da necessidade imperiosa da formação. É preciso ficar claro que a formação docente é uma ação continua e progressiva, que envolve diversas instancias e que atribui valorização significativa para a pratica pedagogica e para experiencia, consideradas componentes constitutivos da formação. Ainda ha a necessidade de destacar que o exercicio da docencia envolve saberes especificos, os saberes pedagogicos e os saberes construidos nos espaços experimentais.

A docencia é, portanto, uma atividade profissional complexa, pois requer saberes diversificados. isto significa reconhecer que os saberes que dão sustentação a docencia exigem uma formação profissional numa pespectiva teorica e pratica.

Referencia Bibliografica: VEIGA, Ilma Passos Alencastro Veiga e D’AVILA, Cristina. Profissão Docente: novos sentidos, novas perspectivas. Campinas: Papirus, 2008.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

O Sentido da formação de Professores

Na etimologia, formação vem do latim formare; "como verbo transitivo, significa dar forma, e como verbo intransitivo, coloca-se em formação; como verbo pronominal, ir-se desenvolvendo uma pessoa" (Donato 2002, p.138). O termo formação, de acordo com ferreira (1989), é "o ato ou o modo de formar" e significa "dar forma a algo; ter a forma; pôr em ordem; fabricar; tomar forma; educar".

A formação de professores constitui o ato de formar o docente, educar o futuro profissional para o exercicio da profissão. É uma ação desenvolvida com alguém que vai desempenhar a tarefa de ensinar, pesquisar, avaliar, educar.

A formação de professores, entendida na dimenssão social, deve ser tratada como direito, superando o momento das iniciativas individuais para aperfeiçoamento próprio, partindo das esferas da política pública. Como afirma leitão de Mello (1999, p.26), formação

(...) é um processo inicial e continuado, que deve dar respostas aos desafios do cotidiano escolar, da contemporaneidade e do avanço tecnológico. O professor é um dos profissionais que mais necessidade tem de se manter atualizado (sic), aliando à tarefa de ensinar a tarefa de estudar. Transformar essa necessidade em direito fundamental para o alcance de sua valorização profissional e desempenho em patamares de competência exigidos pela sua própria função social.

Por essa ótica, formação assume uma posição de "inacabamento", vinculada à história ede vida dos sujeitos em permanente processo de formação. É inconcluso e autoformativo. A esse respeito Freire afirma que é importante que "(...) desde o começo do processo, vá ficando cada vez mais claro que, embora diferentes entre si, quem forma se forma e reforma ao formar e quem é formado forma-se e forma ao ser formado" (1998, p.25)

Assim, ao falar de formação de professores, vem a tona alguns enunciados que merecem nossa atenção:
  • Trata-se de uma formação contínua e progressiva que envolve varias estancias e atribui uma valorização significativa para a prática pedagógica, para a experiência, como componente constitutivo da formação. Ao valorizar a prática como componente formador, em nenhum momento assume-se a visão dicotomica da relação teoria-pratica. A prática profissional da docencia exige uma fundamentação teórica explicita. A teoria também é ação e a pratica não é receptaculo da teoria.estas não são um conjunto de regras. É formulada e trabalhada com base no conhecimento da realidade concreta. A prática é o ponto de partida e de chegada do processo de formação;
  • É contextualizada histórica e socialmente e, sem dúvida, constitui um ato político. O processo de formação deve ser compatível com o contexto social, político e econômico comprometido - tecnica e politicamente - com a construção de pespectivas emergentes e emancipatórias que se alinhem com a inclusão social;
  • Implica em preparar professores para o incerto, para a mutação e para as situações tecnicas e até chocantes que lhes exijam um maior esforço para a paz e o desenvolvimento de maiores capacidades de resiliência, segundo Alarcão e Tavares;
  • É inspirada por objetivos que sinalizam a opção política e epistemológica adotada;
  • Significa - como processo - uma articulação entre formação pessoal e profissional. É uma forma de encontro/confronto de experiencias vivenciadas. Segundo Fávero "(...)aceitar a formação profissional como um fracasso significa aceitar que também não há uma formação "fora" de qualquer relação com os outros, mas "dentro" da relação com a realidade concreta"(2001,p.67);
  • Trata-se de um procedimento coletivo de construção docente. Não é uma construção isenta de conflito, mas torna-se mais produtiva se e quando partilhada;
  • A formação de professores deve também "(...) reservar tempo e ocasiões para o desenvolvimento de atitudes de cooperação e soliedariedade. Deve passar ainda pela descoberta do outro e pela elaboração de pensamentos autonomos e criticos que deem aos sujeitos o poder de decidir por si mesmos"(Veiga 1999,p.181)
Portanto, a formação de professores desenvolve-se num contexto de coletividade. Articula-se com as escolas, com seus projetos, no sentido de que o profissional muda a instituição e muda com a instituição consolidando a construção de saberes e valores próprios

Referencia Bibliografica: VEIGA, Ilma Passos Alencastro Veiga e D’AVILA, Cristina. Profissão Docente: novos sentidos, novas perspectivas. Campinas: Papirus, 2008.

Docência como Atividade Profissional

 O intuito de  escrever estes posts sobre a docencia é que eu observo e observei que quando fazia minha faculdade de licenciatura, com seus quarenta e tantos alunos, só na minha sala de aula, se 10% ou seja, quatro, seguisem realmente a carreira de docente, com todo amor que ela merece, é muito! A maioria tava lá pra pegar um diplona pra dizer que tem um, ou seja, status, ou pra melhor a verba fazendo um concurso público que não tem nada a ver com a docencia mais poder concorrer com título de superior, e pior, aqueles que se não arrumarem nada pra fazer na vida, vão usar a profissão pra não ficar desempregado. Bom, motivos não faltam, apesar dos mais torpes possíveis, eu só ouvi uma pessoa além de mim que dizia que seria professor concerteza. Gente que você nota que não sabe nem porque tá no mundo quiça na profissão. É de chorar de tristeza! mas enfim, espero que alguem que realmente ame ser professor leia este post e resolva seguir este caminho justamente por querer ser parteira como eu. Sim, parteira de almas, como eu costumo dizer. E saber realmente o que a profissão significa, seu perfil, suas exigencias.Por isso, nada melhor que começas com um texto de Ilma Passos Alencastro Veiga.

A docência: Características básicas

No sentido etmológico, docência tem suas raízes no latim docere, que significa ensinar, instruir, mostrar, indicar, dar a entender. Este registro, na língua portuguesa, é datado de 1916, o que implica dizer que a apropriação do termo é algo novo no espaço dos discursos sobre educação.

No sentido formal, a docência é o trabalho dos professores, o conjunto de funções que ultrapassam a tarefa de ministrar aulas.  As funções formativas convencionais, como ter um bom conhecimento sobre a disciplina e sobre como explicá-la, foram tornando-se mais complexas com o tempo e com o surgimento de novas condições de trabalho.

Não há dúvidas que estamos diante de um processo de ampliação do campo da docência. Por considerar a docência como uma atividade especializada, defendo sua importancia no bojo da visão profissional. Assim, uma das caracteristicas fundamentais gira em torno da docência como profissão. A docência requer formação profissional para seu exercício: conhecimentos específicos para exercê-lo adequadamente ou, no mínimo, a aquisição das habilidades e dos conhecimentos vinculados à atividade docente para melhorar sua qualidade.

Outra caracteristica da docência está ligada a inovação quando rompe com a forma conservadora de ensinar, aprender, pesquisar e avaliar, reconfigurar saberes, procurando superar dicotomias entre conhecimento cientifico e senso comum, ciência e cultura, educação e trabalho, teoria e pratica etc.; Explora novas alternativas teorico-metodologicas em busca de outras possibilidades de escolha; procura a renovação da sensibilidade ao alicerçar-se na dimensão estética, no novo, no criativo, na inventividade; ganha significado quando é exercida com ética.

Formar professores implica compreender a importancia do papel da docência, propiciando uma profundidade científico pedagógica que os capacite a enfrentar questões fundamentais da escola como instituição social, uma prática social que implica as ideias de formação, reflexão e crítica.

Referencia Bibliografica: VEIGA, Ilma Passos Alencastro Veiga e D’AVILA, Cristina. Profissão Docente: novos sentidos, novas perspectivas. Campinas: Papirus, 2008.

E agora educação?


O significado de todo acontecimento depende do “molde” pelo qual vemos. Quando mudamos de molde, mudamos o significado. A isto se chama “resignificar”. Quando o significado se modifica, as respostas e comportamentos da pessoa também se modificam; E isto não é algo novo, a resignificação é o elemento chave para o processo criativo; Trata-se da habilidade de situar o evento comum num molde útil ou capaz de proporcionar prazer. Mas e a profissão docente? Ao que parece, o velho modelo iluminista de ensino não consegue responder às complexas indagações da sociedade do conhecimento. Nas tessituras das práticas profissionais, uma inquietação vem assolando verdades dantes inquestionáveis: a tradição troncular do ensino, o modelo curricular disciplinar, o trabalho docente e os saberes hierarquicamente estabelecidos – elementos estes continuamente postos em xeque.
Essas indagações chocam-se também com os cenários nos quais se desenrolam as práticas docentes no Brasil. A ausência de políticas governamentais de qualidade voltadas à formação inicial e continuada de professores não tem desencadeado conseqüências positivas para a melhoria das condições de trabalho docente e, por conseguinte, para um maior reconhecimento da profissão. A busca incessante por culpados e inocentes tem condenado, muitas vezes, o docente e, outras vezes, os próprios estudantes, como se o processo educacional escolar fosse responsabilidade exclusiva destes
Que processos envolvidos na formação e na profissionalização, embora imbricados dialeticamente, mas diferentes entre si podem somar?
É entristecedor ver o colapso na rede de ensino.
Eu nunca vi nenhum lugar crescer tratando os professores pior que porcos, dando a eles algumas migalhas e exigindo que trabalhem bem. Mas esta parece ser a intenção dos governantes; Querem gente com pouca informação, que não saiba dos seus direitos, criando uma massa ignóbil e acomodada, que aceita a falta de escolas, infra-estrutura; Gente que acha tudo o que seus governantes fazem é um mero favor, que não entende que pagam impostos altíssimos em tudo, gente que acredita nas propagandas e que vota de quatro em quatro anos. 


 A formação está ligada as capacidades específicas da profissão, mas notamos que são necessárias muitas outras atitudes por parte de TODOS.  Tudo isso não se resume à formação profissional, embora a inclua, mas envolve outras características de cunho também subjetivo, como aptidões, atitudes, valores, formas de trabalho que se vão construindo no exercício da profissão.
Governantes que não entendem que não se pode ser sábio quando cercados de ignorância.

Referencia bibliografica:  Profissão docente: Novos sentidos, novas perspectivas; Ressignificando (Richard Brandler e John Grinder)

Do direito e do dever de mudar o mundo

Todos podem mudar o mundo para melhor, fazê-lo menos injusto, mas a partir da realidade concreta vislumbradas em sua geração e não fundadas em devaneios ou falsidades sem raízes.
O que não se pode é deixar de sonhar estes projetos. A transformação do mundo necessita tanto do sonho quanto a indispensável autenticidade da dependente lealdade de quem sonha as condições históricas, materiais, tecnológicas, científicas do contexto do sonhador. Os sonhos são projetos pelos quais se luta. E sua realização não existe sem obstáculos. Implica um fazer e refazer de estratégias, de luta. Mudar o mundo é um ato político e tem seus contra-sonhos. Tudo faz parte de marcas antigas que envolvem compreensões de realidades, interesses de grupos, preconceitos e ideologias que se perpetuam em contradição a modernidade. Não há atualidade que não seja palco de confrontos, forças marcantes do passado colonialista, em obstáculo aos avanços modernos. Marcas de um passado que insiste em ficar, mas incapaz de perdurar, insistindo e prolongando sua presença em detrimento da mudança.
Toda ação mobilizadora mostra sua eficácia pela contestação. A luta ideológica, política e pedagógica, e ética tanto se verifica em casa, nas relações, na escola, no trabalho, não importando o seu grau. O importante se sou coerente, é testemunhar o meu respeito à dignidade do outro ou da outra. Ao ser direito de ser em relação ao seu direito de ter.
Esta certeza só vem da confiança que mudar é difícil, mas é possível. É o que nos faz recusar qualquer posição fatalista dando-lhe um poder determinante, do qual nada se pode fazer.
Por maior que seja a força oposta condicionante, não se pode aceitar a total passividade perante ela. Na medida em que aceitamos que a tecnologia ou a ciência pouco importa, não temos outro caminho a não ser renunciar nossa capacidade de pensar, de conjecturar, de escolher, de decidir, de projeta e sonhar. Quem não viabiliza a cão por achar-se vencido perde a concretização de sonhar diferente. Esgota a nossa presença ética no mundo.
O fato do ser humano reconhecer o quão influenciado e condicionado está pelas estruturas econômicas o faz também capacitá-lo de intervir nestas estruturas. O contrario da intervenção é a acomodação e deve ser contestada. A adaptação é apenas um momento do processo de intervenção no mundo. É esta a diferença entre condicionamento e determinação. Neguemos a problematização do futuro numa visão mecanicista da historia; Isto só leva a morte dos sonhos e a negação e a negação autoritária da esperança. É que na expressão mecanicista e determinista da historia o futuro já é sabido, e a luta pelo futuro é precedido pela esperança.
O futuro não nos faz. Nós é que nos refazemos na luta para fazê-lo!
Se deve lutar contra a robustez do poder dos poderosos que a globalização intensificou ao mesmo tempo em que debilitou a fraqueza dos frágeis.
Se as estruturas econômicas dominantes nos deixam dóceis, em nome do quê fazer esta luta política que não seja em nome da ética universal do ser humano? Em nome da necessária transformação da sociedade de que decorra a superação das injustiças desumanizantes. Tudo isso porque não sou determinado pelas estruturas econômicas. Por isso, é impossível negar a importância fundamental da subjetividade na história. É percebendo e vivendo a história como possibilidade que experimento plenamente a capacidade de comparar, de ajuizar, de escolher, de decidir, de romper. É assim que mulheres e homens etcizam o mundo, podendo, por outro lado, tornar-se transgressores da própria ética.
A escolha e a decisão, atos de sujeitos, de sua inteligência como tempo de possibilidade necessariamente sublinham a importância da educação que, não podendo jamais ser neutra, tanto pode estar a serviço da decisão, da transformação do mundo, da inserção crítica nele, quanto a serviço da imobilização, da permanência possível das estruturas injustas, da acomodação dos seres humanos à realidade tida como intocável. Por isso, não só falar, mas sim defender, viver uma pratica educativa radical, estimuladora da criatividade crítica à procura sempre das razões de ser dos fatos.  E compreende-se perfeitamente como tal pratica não pode ser aceita, pelo contrario, tem que ser recusada, por quem tem necessidade de manter a defesa de seus interesses. Reconhecendo na educação sua força, constatando a possibilidade que tem os seres humanos de assumir tarefas históricas e o dever de não aceitar posturas fatalistas. O nosso testemunho, se somos progressistas, se sonhamos com uma sociedade menos agressiva, menos injusta, menos violenta, mais humana, deve ser o de quem, dizendo “não” a qualquer possibilidade em face dos fatos, defende a capacidade do ser humano de avaliar, de comparar, de escolher, de decidir e, de finalmente, de intervir no mundo.
 As crianças precisam ter assegurado o direito de aprender a decidir, o que se faz decidindo. Se as liberdades não se constituem entregues a si mesmas, mas na assunção ética de necessários limites, a assunção ética desses limites não se faz sem riscos a serem corridos por elas e pelas autoridades com que dialeticamente se relacionam.
 No aprendizado, é preciso saber que às vezes sem nenhum desrespeito a sua própria autonomia, as crianças precisam atender à expectativa do outro. Mais ainda é necessário que ela aprenda que, a sua autonomia só se autentica no acatamento a autonomia dos outros.
A tarefa progressista está em estimular, possibilitar, nas circunstancias mais diferentes, a capacidade de intervenção no mundo, jamais o seu contrário, o cruzamento de braços em face dos desafios, mas com responsabilidade. Recusar a determinação não significa negar os condicionamentos
Não somos apenas objetos dos fatos sociais e econômicos, a eles adaptando-nos, mas sujeitos históricos também, lutando por outra vontade diferente: a de mudar o mundo, não importando que esta briga dure um tempo tão prolongado que, às vezes, nela sucumbam gerações.


Referencia Bibliografica: Pedagogia da Indignidade – Paulo Freire

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Padrinho de Coração

O Solar Meninos de Luz é uma instituição civil, filantrópica, em funcionamento desde 1991. Promove educação formal e complementar em regime integral, cultura, esportes para 400 crianças, de 0 a 18 anos, nas comunidades do Pavão-Pavãozinho Cantagalo, em Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro.

Vamos Apoiar!

O(A) PROFESSOR(a) ESTÁ SEMPRE ERRADO(A)


É jovem, não tem experiência.
É velho, está superado.
Não tem automóvel, é um pobre coitado.
Tem automóvel, chora de "barriga cheia'.
Fala em voz alta, vive gritando.
Fala em tom normal, ninguém escuta.
Não falta ao colégio, é um 'caxias'.
Precisa faltar, é um 'turista'.
Conversa com os outros professores, está 'malhando' os alunos.
Não conversa, é um desligado.
Dá muita matéria, não tem dó do aluno.
Dá pouca matéria, não prepara os alunos.
Brinca com a turma, é metido a engraçado.
Não brinca com a turma, é um chato.
Chama a atenção, é um grosso.
Não chama a atenção, não sabe se impor.
A prova é longa, não dá tempo.
A prova é curta, tira as chances do aluno.
Escreve muito, não explica.
Explica muito, o caderno não tem nada.
Fala corretamente, ninguém entende.
Fala a 'língua' do aluno, não tem vocabulário.
Exige, é rude.
Elogia, é debochado.
O aluno é reprovado, é perseguição.
O aluno é aprovado, deu 'mole'.

É, o professor(a) está sempre errado, mas, se conseguiu ler até aqui,
agradeça a ele(a)!
 







(Jô Soares)

Velhos e novos desafios

Mais uma vez o foco da educação precisa mudar. Deve deixar de ser, simplesmente, o ensino de conteúdos curriculares. Isto significa mudar a propria finalidade da educação básica, tornando-a mais útil para o aluno - na medida em que buscar cada vez mais, sua formação para a vida em sociedade, e não apenas para ajudá-lo a ultrapassar, com sucesso, as avaliações escolares. Proporcionar uma educação para a vida e para o mundo, e não para dentro da escola somente com o objetivo de desenvolver-se intelectual, moral afetiva e fisicamente.
Isto é indispensável para que o estudante saído de uma escola pública tenha condições identicas às dos demais para enfrentar e concorrer o mercado de trabalho.
Essas mudanças objetivam desenvolver problemas novos que aparecem em sua vida cotidiana. Isto ocorre na medida em que o aluno compreende que os conhecimentos teóricos servem para explicar os fenômenos naturais e fatos sociais, em que ele aprende vincular teoria à realidade, teoria e prática, ao invéz de considerar a teoria como algo descolado da realidade, como um conhecimento que serve somente para ser testado na escola, sob a forma de avaliação.
Endim, escola e o currículo devem se converter em espaços de construção de saberes, competencias e habilidades do indivíduo, e não apenas de transmissão de conhecimentos. É ensinar esse aluno, tomando como ponto de vista os requisitos que a sociedade exige dele.
O cenário atual exige novas competencias, que a capacidade do indivíduo possibilite mobilidade em busca de trabalho e melhoria de vida. Adquirir competencias gerais, que habilitam o individuo a atuar num mundo onde os conteúdos memorizados não têm mais importancia que tiveram num passado ainda recente, quando o desenvolvimento cientifico e tecnológico se desenvolvia e se propagava no mundo com muito menor rapidez.
Hoje é preciso capacidade de se expressar oralmente, de ler, entender e de criticar um texto lido, uma capacidade de argumentar e elaborar propostas. Possibilitar ao indivíduo a capacidade de continuar seus estudos e aprender mesmo após ter saído dos bancos da escola, ajudando-o a ter autonomia, garantindo-lhe a preparação básica para o trabalho e a cidadania, como indivíduo ativo. Isto não significa que o professor seja obrigado a utilizar, necessariamente, materiais pedagógicos caros e inacessíveis à escola pública.
Os problemas atuais são que a medida que a escola pública brasileira foi ficando defasada em relação a sociedade e com turmas cada vez mais numerosas, e que os salários foram ficando desgastados, os professores passaram a sentir, cada vez mais, responsáveis por suas disciplinas individuais, o que já consome grande parte de suas energias; e cada vez menos responsáveis pela formação integral do aluno como pessoa.
Assim, a escola vem perdendo de vista, o objetivo de atuar como instituição formadora de valores éticos e sociais do aluno para a vida em sociedade. E foi se concentrando, cada vez mais, em conhecimentos específicos das diversas disciplinas.
É necessário romper a política de invisibilidade das diferenças regionais, que a nação tem sustentado em relação à Amazônia, quando se trata de conferir a ela recursos específicos e mais volumosos que os habituais. A criação do FUNDEB ( Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da educação Básica e de Valorização dos Profissionais de Educação) e a extensão do ensino fundamental para 09 anos abrem uma nova fase da educação na Região. A questão se vê encapsulada numa questão mais abrangente, a chamada questão regional e exige da sociedade e do Estado, um empenho persistente e incansável na execução de programas e ações conjuntos e regionalmente diferenciados.
Para recuperar o prestígio do passado, a escola agora precisa deixar de ser o lugar do conteúdo memorizado para converter-se num lugar onde a informação é discutida, criticada, analisada; lugar onde o aluno pode refletir (com base em conhecimentos sistematizados e científicos, sobre os fenômenos naturais e os fatos sociais), discutir e manifestar-se sobre o mundo atual ( as mudanças economicas, sociais, os avanços científicos e tecnológicos e suas consequencias sobre a vida social; lugar onde os avanços teóricos da ciencia e da tecnologia moderna são ensinados e demonstrados a partir de exemplos e de vinculações com objetos e situações da vida cotidiana da sociedade em que o aluno vive. É preciso construir uma nova relação professor-aluno e professor-conhecimentos a transmitir.
A teoria não está confinada aos livros; está presente e se materializa nos objetos da casa, da escola, na rua, etc... possibilitando inumeras articulações entre teoria/tecnologia/realidade. No mundo moderno, a capacidade cognitiva do indivíduo constituiu-se num recurso para o desenvolvimento, tão importante quanto o capital que se apresentava para nós.


Referencia Bibliografica: LOUREIRO, Violeta R. Educação e sociedade na Amazônia em mais de meio século. Revista Cocar, v.1, n. 1, jan-jun, 2007, pp. 17-58.

As grandes conquistas

O cenário da transição anos 70/90 era o de que enquanto a sociedade brasileira se modernizou rapidamente e com ela os recursos tecnologicos, o sistema educacional ficou comprimido por longos anos apertado por uma legislação em que ele não cabia e atrasado face às necessidades de uma sociedade e de um mercado de trabalho que havia avançado muito em relação a ele.
A sociedade brasileira chega aos anos 90 esgotadas nas lutas pelo acesso à educação pública e agastada frente os insucessos da mesma. E sobretudo impaciente por resultados mais eficazes na educação escolar. Mas em compensação, após 02 décadas de luta à porta das escolas, era agora uma sociedade mais amadurecida, politicamente, e mais preparada para exigir mudanças que ja tardavam de muito na educação.
Com o objetivo de expandir o ensino fundamental, aproximando-o poucos anos depois, da universalização, 02 medidas foram tomadas para dar início a onda de mudanças na educação:
  1. A aprovação, pelo Congresso Nacional, da Emenda Constitucional, que cria o Fundo de Manutenção do Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistèrio - FUNDEF;
  2. A aprovação de uma nova Lei de Diretrizes e Bases para a Educação nacional - LDB de 1996. Que exigia, entre outras coisas, que em 10 anos, contados a partir de 1997, os professores das diversas redes tenham seus diplomas de curso superior, para se habilitarem a lecionar em qualquer um dos níveis do ensino fundamental.
E as beneses adquiridas com esta reforma foram:
  • Instituições de ensino superior em geral, tanto privadas como públicas, puderam interiorizar-se e, em convênio com as prefeituras, oferecer cursos em mais de uma centena de cidades do interior da Amazõnia, especialmente nas áreas das licenciaturas;
  • Possibilitou melhoria dos quadros administrativos das prefeituras, especialmente nas secretarias municipais de educação, passaram a exigir pessoal qualificado no gerenciamento dos mesmos;
  • Tornou possível a realização de estatísticas censitárias bastante confiáveis aperfeiçoando as informações educacionais que tem servido ao planejamento educacional pelos orgãos gestores e para a elaboração de estudos que antes não eram possíveis como a distribuição do livro didático e da merenda escolar, que passaram a ser programados a partir do numero de alunos registrados em cada uma das milhares de escolas existentes incluindo cada escolinha de beira de rio na Amazônia.
A municipalização do ensino fundamental gerou uma descentralização de ações antes centralizadas em Brasília, permitindo um fluxo mais ágil dos materiais, estoques e recursos financeiros que devem chegar às escolas e um maior controle na distribuição pelos estados e municipios;

  • Implantação das casas familiares rurais e as casas familia-agrícola, organizadas por sindicatos de trabalhadores rurais, geralmente com algum apoio governamental e de ONG´s estrangeiras (núcleo escolas);
  • Escolas voltadas para a educação escolar indígena, gerando um misto de integração social, amizade, magistério e vivencia cultural compartilhada;
  • Sistema modular de ensino, nos interiores, e as escolas-barco;
  • Maior importancia aos aspectos pedagógicos da educação, garantindo grande margem de autonomia para as escolas, no que se refere a programação de seus calendários escolares, às formas de avaliação do aluno, ao desenvolvimento de conteúdos curriculares. O aluno se converte no elemento central da reforma;
  • Chega-se hoje, a cerca de dezenas de títulos somente em língua portuguesa;
  • O crescimento das matrículas no ensino fundamental se deu, principalmente, pela implantação das séries 5ª a 9ª em cidades e vilas interioranas;
  • O aluno não tem sucesso numa ou mais disciplinas, fica retido apenas nela ou nelas, prosseguindo nos estudos relativos à serie seguinte, com depenendecia de disciplinas da serie anterior, descongestionando e tornando o fluxo de alunos mais regular. O ganho maior foi estabelecer uma relação mais positiva entre o aluno e sua escola em substituição à relação anterior, punitiva e frustrante que frequentemente, levava o aluno ao desestímulo e o abandono do curso precocemente;
  • Nenhum município pode abrir escolas de curso médio ou superior, sem antes ter suprido as enormes necessidades com o ensino fundamental. estabelece que despesas podem e não podem ser consideradas como gastos com a manutenção e o desenvolvimento da educação.
Mas nem só de flores vive o período, problemas também foram identificados como:

  • Outras funções tradicionais da universidade associadas ao progresso e a geração do saber, como a pesquisa, o desenvolvimento tecnológico e as atividades de extensão não acompanharam nessa marcha para o interior. Assim, o reconhecido papel da universidade como um dos grandes notaveis veículos de geração e transmissão de conhecimento científico e tecnologico que se conhece no mundo moderno, não vem sendo exercida em sua plenitude, quando se fala aqui, na expansão do ensino superior na região;
  • O dinheiro correspondente a cada aluno se repota à matrícula do ano anterior, o que deixa sem cobertura financeira os novos alunos que ingressam a cada ano;
  • Apesar dos mecanismos de controle instituídos, são frequentes as denuncias de prefeitos desviando recursos do FUNDEF em todo Brasil;
  • Por conta do baixo valor do custo aluno, na zona rural são frequentes as cenas de crianaças e jovens deslocando-se ára as escolas em caminhões e velhos ônibus abarrotados;
  • Não ter prolongado o ensino fundamental para 09 anos;
  • O FUNDEF não atinge a pré-escola, por isso, o problema básico da alfabetização deficiente (que se arrasta e afeta toda formação do estudante) continua irresoluto. Identifica-se alunos da 5ª série do ensino fundamental que não sabem ler e nem escrever um texto minimamente fluente e compreensível. Além disso, muitos dos que lêem, não sabem interpretar o que leram;
  • Persistência de milhares de escolinhas com classe multiseriada;
  • Desestímulo dos profissionais da educação para atuarem de forma competente em meio a um ambiente profissional adverso, com planos de carreira pouco estimulantes, salários extremamente baixos;
  • Poucos recursos pedagógicos;
  • Elevados índices de reprovação e repetencia nas séries iniciais do ensino fundamental;

Além do âmbito puramente educacional, esta situação crônica está ligada a varios outros fatores sociais: baixo nível cultural da populaçação, do que resulta um acesso reduzido aos meios de comunicação escritos, hábitos pouco desenvolvidos da leitura em geral, este problema tem a ver com o nível de renda da população, que limita a assimilação desses elementos na vida cotidiana.
Quando adulto, o baixo domínio da lingua falada e escrita limita as possibilidades do indivíduo agir socialmente, como cidadão participativo na sociedade, como alguém, minimamente capaz de defender seus direitos básicos, de articular-se junto as instituições sociais, que exigem na vida moderna a comunicação formal escrita.
É preciso considerar que as políticas de estabilização da moeda são indispensáveis na vida de qualquer país. No entanto, o que se questiona é que elas não devem inviabilizar, concorrer ou excluir, necessáriamente, a realização de um projeto nacional ou regional de desenvolvimento, nem cercear os direitos mínimos do homem moderno no que se refere à cidadania plena, o que inclui o direito à educação de qualidade. Todo esforço de estabilização da moeda terá sido inútil se a crise social que no Brasil acompanhada do desemprego, da pobreza, do baixo nível de educação e, sobretudo, de uma crescente violencia urbana.
O econômico não tem a capacidade, por si só, de induzir ao desenvolvimento social. Ou seja, o simples crescimento econômico não se faz acompanhar da redução da pobreza e da desigualdade. Até pelo contrário, a permanencia da concentração de renda, mostra um aumento da violencia, como decorrencia da exclusão social, da qual a falta de educação adequada é um componente fundamental.
Assim, os recursos para a educação não tem crescido na proporção da necessidade de uma sociedade moderna, que atravessou a transição de um século para o outro, arrastando consigo indicadores inaceitáveis no presente momento histórico.


Da Amazônia, a União sempre retirou dela mais recursos do que nela investiu. E em seus alunos evidenciam um nível de desempenho muito abaixo comparado aqueles de estados da região sul/sudeste/centro-oeste, ficando muito próximos daqueles do nordeste, como os mais eficientes do país. Cabe ao Estado Brasileiro, assumiu uma posição diferenciada em relação à Amazônia e Nordeste do país, se quizer ver minoradas as desigualdades entre suas diversas regiões.
O congestionamento no ensino médio vem forçando a ampliação do número de vagas através de escolas de má qualidade, reinterando a desigualdade entre as classes sociais. Fica evidente a necessidade de complementação de recursos financeiros, pelo menos, para a educação em seus 02 extremos: infantil e ensino médio.

Referencia Bibliografica: LOUREIRO, Violeta R. Educação e sociedade na Amazônia em mais de meio século. Revista Cocar, v.1, n. 1, jan-jun, 2007, pp. 17-58.

Reformas Advindas da LDB de 1971, o que plantamos, colhemos.

A fim de descongestionar o sistema e possibilitar a expansão do acesso à escola pública. o governo brasileiro, através da pressão da sociedade propõem a reforma do ensino. Nasce assim, a Lei de Diretrizes e Bases, de 1971 reformulando a educação básica, encurtando a permanencia do aluno na escola, pois funde o ensino primário com o ginasial, que antes somavam 10 anos, para 8 anos obrigatórios. Por isso, tornou-se obrigatório o ensino para a faixa de 7 a 14 anos. O ingresso à 1ª série do ensino fundamental ficava vinculado à idade cronológica - 7 anos, independentemente de qualquer requisito mais específico. Os professores ensinavam sem material pedagógico e sem estarem capacitados, aprendiam no convívio profissional com os professores experientes.
A reforma ignorou as dificuldades da pré-escola e estabeleceu série, independentemente do amadurecimento intelectual de cada uma e das diferenças individuais menosprezando a enorme importancia da educação pré-escolar na formação intelectual e emocional da criança eda alfabetização na vida social do indivíduo. Pois bem, foi justamente essa fase da infância, estruturadora da formação global da pessoa, que a lei desobrigou o Estado de dar assistência, levou os governos dos Estados com dificuldades financeiras a oferecerem o ensino escolar limitado a este mínimo estabelecido por lei, e a sentir-se desobrigados de oferecer o ensino pré-escolar. A alfabetização ficou sem um lugar definido nas escolas da rede pública e a maioria das crianças, sem as classes preparatórias para a leitura e escrita antes dos 07 anos. Crianças pobres vinham diretamente do lar para a primeira série, onde se misturavam àquelas que tinham já alguma iniciação nos processos de leitura e escrita, diminuiram, eles também o ênfase nas metodologias e praticas de alfabetização que antes integravam seus curriculos e constituiam o centro das preocupações dos professores.

As consequencias disto foram: 
  • Passaram a oferecer apenas as séries mínima obrigatórias, com uma flagrante deterioração do ensino público;
  • Elevadas taxas de reprovação e repetencia;
  • Além de congestionar a demanda por vagas nas séries iniciais do ensino fundamental;
  • Abandono da escola, por desestímulo;
  • Ampliou a desigualdade entre as classes sociais;
  • Acentuou as desigualdades regionais;
  • E finalmente cavou um fosso entre a escola pública, que teve seu ensino deteriorado e degradado e a escola privada, que conseguio manter sobre controle a capacidade de ensinar a ler e a escrever.
O rápido processo de urbanização foi estabelecido, de um lado, a valorização da educação como um preciosos capital humano. Mas de outro lado, as condições sob as quais se processou a expanssão e o ingresso na escola foram estabelecendo, silenciosamente, limitações ao desenvolvimento de enormes contigentes humanos, que foram ficando marginalizados da sociedade, seja pela falta de acesso à educação, seja ou pela má qualidade da educação que recebiam.
Assim sendo, um processo de desenvolvimento social integral, que busque uma real diminuição da desigualdade, deve passar necessáriamente pelo acesso a uma educação de qualidade; que seja útil para a vida cotidiana, para o exercício pleno da cidadania e como via de acesso futuro a um emprego digno. Deve ser capaz de atrair ou mesmo empurrar para dentro e manter crianças e jovens numa boa escola, resgatando as massas excluídas da educação e da cultura em geral.

Os problemas não tardaram a aparecer: 
  • As crianças estudando em classes superlotadas, com um nível de leitura, escrita e compreenssão incipientes;
  • Preenchimento dos cargos  de direção das escolas sem critério pedagógico;
  • Elevada incidencia de professores leigos;
  • Baixa escolaridade dos professores em geral;
  • Ausencia de propostas pedagógicas consistentes.
As carencias da educação eram de tal ordem, que os sistemas escolares acabavam por funcionar em completo desrespeito aos direito e deveres constiticionais.
Somava-se a isto uma tímida distribuição de livros didáticos pelo governo; limitava-se esta a algumas áreas do centro-sul. Na Amazônia, somente recebiam livros as escolas das capitais e algumas de porte médio; Há também uma completa irregularidade na distribuição da merenda escolar que, além do mais, era de péssima qualidade, chegava irregularmente(quando chegava) e com frequencia, estava com prazo de validade vencido ou deteriorada, as crianças queixavam-se do sabor dos produtos pouco variados. Quando tudo ocorria bem, era distribuida alguns poucos dias por ano.

A sociedade civil vai se organizando e precionando o governo pelo aumento de vagas nas escolas, do que resultou um aumento expressivo das taxas de escolarização.
Como o acesso à escola para crianças e jovens foi aumentando, o analfabetismo foi se reduzindo nos grupos jovens e se concentrando nos grupos de maiores idades.
O grande desafio do inicio dos anos 90 era conseguir a universalização do ensino fundamental para todas as crianças e capacitar seus professores. O desafio parecia intrasponível, face a desigualdade de recursos e orçamentarios disponíveis para a educação entre os Estados e municipios mais ricos do país.
A reforma do ensino de 71 reflete a preocupação de estruturar um sistema educacional voltado para a preparação de mão-de-obra para engajar-se no mercado de trabalho urbano. Assim surgem os cursos de preparação para o trabalho vinculados ao ensino fundamental e os cursos "técnicos" de ensino médio e outros profissionalizantes de formação específica, mediana, atuando como auxiliares dos niveis mais elevados; Pois o objetivo agora era o de criar escolas e instituições voltadas para a formação de tecnicos para o mercado, que exigia mais iniciativa, imaginação, capacidade de tomar decisões e resolver problemas.


Os problemas foram:
A formação em nível médio, pobre em ciências, no domínio da língua e da cultura em geral, somente reforçou a antiga e crônica dependencia científica e tecnológica do país em relação aos países centrais, que continuaram a dominar e a desenvolver, sem cessar, a ciência e a tecnologia de ponta e a ministrar conhecimentos científicos em todos os niveis de ensino.
esta formação bifurcada em uma área profissionalizante e outra de formação em geral, propiciou a acumulação de saber e de capital cultural pelas elites, enquanto as demais classes sociais deveriam ocupar-se de trabalhos práticos ou ao trabalho no mercado informal. A reforma contribuiu para distanciar mais ainda as classes sociais no Brasil e na região, ao invéz de proporcionar identicas oportunidades intelectuais para todos os segmentos sociais, democratizando a educação. O trabalho foi ficando, cada vez mais, condicionado a modernização científica e tecnológica exigindo uma enorme capacidade de adaptação às suas novas formas. profissões tradicionais desapareceram, quase todas se modificaram, passando a utilizr-se, preferencialmente, das competenciais pessoais, que se valem da tecnologia moderna e da cultura geral do indivíduo.

A nova concepção de educação concebida, está no desenvolvimento de competencias e habilidades gerais do indivíduo, voltadas para a sua integração como ser num mundo moderno, onde a tecnologia e a ciência evoluem sem cessar. E este mundo exige que ela esteja permanentemente atualizada, capaz de adaptar-se e ajustar-se a essas novas exigencias da vida social moderna.

Referencia Bibliografica: LOUREIRO, Violeta R. Educação e sociedade na Amazônia em mais de meio século. Revista Cocar, v.1, n. 1, jan-jun, 2007, pp. 17-58.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Urbanização e necessidade de formação para os mercados urbanos - os anos 60, 70, 80

Com o advento da "modernização" acelerada da região em prol da promessa de realização de projetos e novas políticas públicas a população total da Região cresce em ritmo vertiginoso face as migrações para a Amazônia. E as populações urbanas começam a aumentar rapidamente e sem cessar, provindo da expulsão das populações rurais do campo, dado ao processo de concentração da terra no interior da Amazônia. Ao chegarem, passam a exigir, em medida crescente, e com urgencia, escolas, unidades de saúde, emprego, segurança e outros serviços básicos e indispensáveis à vida nas cidades. Com isso, as necessidades mudam e passam a ser de habilitar o indivíduo para a vida urbana. A cidade é um espaço social aonde a informação letrada se torna imprescindível para o trabalho e para a vida em geral. pela cultura da cidade exigir conhecimentos muito diferentes daqueles exigidos pela cultura do campo, a educação passa a ser vista como um modo através do qual o indivíduo possa obter emprego nas atividades que as cidades oferecem, com as qualificações da educação formal que elas exigem. Vai ficando claro para a sociedade, que o acesso à educação corresponde, também, ao acesso a trabalhos mais qualificados, mais bem remunerados e de maior prestígio social. A compreenssão da educação sob este novo angulo, faz com que ela inicie uma espiral crescente da busca pelo acesso à escola, disponível para uns, mas não para todos, tem um impacto mais forte sobre as camadas pobres da sociedade, aumentando a desigualdade entre aqueles que prosseguem nos estudos, alcançando niveis mais altos de ensino e aqueles que ficando de fora da escola vão, igualmente, ficando marginalizados da vida social. O ensino privado ganha força entre aqueles que podem pagar em detrimento a escola pública, cuja qualidade vai se tornando cada vez mais duvidosa.
A acelerada urbanização da vida brasileira vai deixando à margem do progresso um contingente humano cada vez mais numeroso, sem os direitos sociais coletivos garantidos, dentre os quais o direito a educação, onde sua falta corresponde a uma forma de exclusão social completa: exclusão em termos de trabalho e renda, não participação na vida cultural da cidade e desigualdade em relação as demais. Significa uma incapacidade do cidadão exigir outros direitos humanos básicos, a que faz jus. assim é que a educação precária e a pobreza fundiram-se de forma inseparável, como elementos inerentes da exclusão social moderna.

Referencia Bibliografica: LOUREIRO, Violeta R. Educação e sociedade na Amazônia em mais de meio século. Revista Cocar, v.1, n. 1, jan-jun, 2007, pp. 17-58.

O Cenario da Educação nos anos 40 e 50

Políticos, fazendeiros, seringalistas, exploradores de  minerios e diamante, comerciantes em geral e outros membros de prestigio na sociedade exerciam suas atividades produtivas sem que tivessem sequer, o curso ginasial (que equivalia a grosso modo aos 4 ultimos anos do atual ensino fundamental).
Haviam poucas escolas e raras ofereciam as seires mais avançadas de ensino primario. Poucos entretanto, após esta fase matriculavam-se no curso primário, disponível nas cidades de maior porte e nas sedes dos municipios mais destacados economicamente. O curso ginasial, existia apenas nas capitais do estado e territorios federais e nas cidades maiores.
Tratava-se de um universo predominantemente não letrado, onde a educação formal não se afigurava como uma necessidade básica para todos os cidadãos e onde as escolas não sobressaíam no espaço físico nem na vida social. O domínio da leitura e da escrita funcionava como um símbolo de erudição, um traço que caracterizava algumas familias de maior renda ou prestígio político. Embora a educação fosse considerada como um valor intelectual relevante para a formação das pessoas, esse valor tornava-se, realmente essencial, quando alguém pretendia dedicar-se a uma profissão específica que exigia uma formação em nível superior. A educação escolar não era considerada como elemento fundamental da inclusão plena de alguém na sociedade ou de sua exclusão da mesma.
A causa disto era que a economia extrativista sobrevivia sem exigir do homem/mulher da Região uma educação mais sólida e estruturada; ao invéz disso, cobrava-lhe uma intensa articulação e um vasto conhecimento da natureza amazonica. Outra causa era a falta de informação escrita no cotidiano das pessoas, que as obrigasse a ler com frequencia; e de outro as atividades produtivas naqueles anos não exigiam este esforço, como ja foi dito acima. Assim era comum, na época alguém ter aprendido a ler e escrever durante a infancia ou adolescencia e ter retornado à condição de analfabeto quando adulto; terceiro, a reduzida escolaridade da população em geral, não tinham, como hoje, uma relação direta com a condição de pobreza do indivíduo, nem com sua inserção ou marginalização na sociedade; Por ultimo, apesar de haver um número significativo de escolas privadas ligadas a instituições religiosas e assistenciais, atuando gratuitamente nos moldes da escola pública, em termos de qualidade de ensino, não havia, como hoje, uma clara dicotomia entre ensino público e privado, caracteristicas que hoje, em todo Brasil, é altamente responsável pela reprodução das desigualdades sociais e culturais.
A função da escola estava centrada na leitura e na escrita. Ela existia e gozava de prestígio social porque era indispensável para ensinar a ler, escrever e contar, onde os professores desempenhavam suas tarefas voltados para este elemento norteador onde os recursos pedagógicos eram escassos.

A escola primária tinha caracteristicas boas e ruins:


BOAS - Sob o pornto de vista cultural, esta limitação no ensino (restrito de títulos e livros), funcionava como um valioso elemento de unidade entre as milhares de crianças da região; Como o aluno passava um tempo muito curto de sua vida escolar, era possível ter um número reduzido de alunos por sala. esta situação permitia que professores e dirigentes de escolas tivessem uma relação mais próxima com os alunos, conhecendo grande número deles e acompanhando-os a cada passo do seu desenvolvimento intelectual

RUINS - Devido a época sofrer de escassos recursos culturais, o material didático disponível era reduzido e pobre, cartilhas que apresentavam frases absurdamente soltas e descontextualizadas como "Ivo viu a uva" e "a ema é da ama", exigiam um esforço de imaginação fantástico por parte de professores que, jamais tinham visto uma uva ou uma ema na Região e que estranhavam os nomes dos animais e coisas mencionadas nos livros, mas inexistentes na Região.
Na época existiam dois livros didáticos de leitura e escrita, a "Cartilha Paraense" e "Amazônia", ambos destinados a alunos de 1ª a 4ª série do curso primário.

O problema é que como a realidade social era outra, problemas que hoje afetam e pertubam a sociedade brasileira e, em especial, a vida das crianças e jovens como afastam as crianças da rua mandando-as para a escola.


Ø  Referencia Bibliografica: LOUREIRO, Violeta R. Educação e sociedade na Amazônia em mais de meio século. Revista Cocar, v.1, n. 1, jan-jun, 2007, pp. 17-58.