sexta-feira, 22 de abril de 2011

Pespectivas fundamentais para a proposta do multiculturalismo

Multiculturalismo Assimilacionista:


Afirma que vivemos numa sociedade multicultural, no sentido descritivo, onde todos não tem as mesmas igualdades de oportunidades. Na pespectiva prescritiva, favorece que todos se integrem a sociedade e sejam incorporados à cultura hegemonica, no entanto, não se mexe na matriz da sociedade, procura-se assimilar os grupos excluídos. No caso da educação, promove-se uma política de universalização da escolarização, todos chamados a participar do sistema escolar, mas sem colocar em cheque o carater monocultural presente de forma total em sua dinamica.
Os grupos excluídos são cooptados, mas sendo considerados inferiores explicita ou implicitamente, tendo sua cultura calada.





Multiculturalismo Diferencialista ou Multiculturalismo plural :

Afirma que, quando se enfatiza a assimilação, se termina por negar a diferença ou por silencia-la. Propõem então colocar a enfase no reconhecimento da diferença e, para garantir a expressão das diferentes identidades culturais. Afirma-se que somente os diferentes grupos sociais poderão manter suas matrizes culturais de base, em contrapartida, algumas posições nesta linha terminam por ter uma visão estática da formação das identidades culturais. É enfatizado a formação, o acesso a direitos sociais e economicos e ao mesmo tempo, a formação de comunidades culturais homogeneas com suas proprias organizações.

Essas duas posições são as mais desenvolvidas nas sociedades em que vivemos, de maneira tensa e conflitiva.

Multiculturalismo Interativo ou Interculturalidade: (Base do diálogo intercultural/resignificação dos direito humanos)

Promove a inter-relação entre diferentes grupos culturais presentes em uma determinada sociedade valorizando a riqueza das diferenças culturais, rompendo paradigmas e concebendo as culturas em contínuo processo de elaboração de construção e reconstrução, e não a antiga visão essencialista. A hibridação cultural é um elemento importante para levar em consideração na dinamica dos diferentes grupos socioculturais. Não se pode desvincular as questões da diferença e da desigualdade presentes hoje de modo particularmente conflitivo tanto no plano mundial quanto em cada sociedade. A pespectiva intercultural afirma essa relação que é complexa e admite diferentes configurações em cada realidade, sem reduzir um pólo ao outro.

O multiculturalismo tem de ser situado a partir de uma agenda política de transformação, sem a qual corre o risco de se reduzir a outra forma de acomodação à ordem social vigente.
Não é recuzar-se a ver a cultura como não conflitiva, a diferença deve ser afirmada dentro de uma política de crítica e compromisso com a injustiça social.

A interculturalidade defende a promoção de uma educação para o reconhecimento do "outro", para o diálogo entre os diferentes grupos sociais e culturais. Uma educação para a negociação cultural, que enfrenta os conflitos provocados pela assimetria de poder entre os diferentes grupos socioculturais favorecendo a construção de um projeto comum, pelo qual as diferenças sejam dialeticamente integradas.


Apesar de varios paises latino-americanos terem introduzido a pespectiva intercultural, nas reformas educativas, não há um entendimento comum sobre as implicações pedagógicas da interculturalidade, nem até que ponto nelas se articulam as dimensões cognitivas, procedimental e atitudinal..

Hermeneutica diatrópíca:

Idéia de que o topoi (lugares comuns retóricos mas abrangentes de determinada cultura) de uma determinada cultura, por mais fortes que sejam, são tão incompletos quanto a propria cultura a que pertencem.

Objetivo:

A luta pelos direitos humanos supõe o exercicio do diálogo intercultural que, exige o exercicio da hermeneutica diatrópica. Tarefa esta complexa e desafiante.

Obstáculos:

Pouco são os autores e as iniciativas que se colocam nessa pespectiva. A analise da problematica dos direitos humanos e as práticas orientadas a trabalhar-las ainda estão aprisionadas na matriz da modernidade. Além disso, as concepções dominantes sobre o diálogo intercultural situam-se geralmente numa pespectiva liberal focalizada entre diferentes grupos socioculturais de modo superficial, sem enfrentar a temática das relações de poder que as perpassam.

Referencia Bibliografica: CANDAU, Vera Maria. Direitos Humanos, educação e interculturalidade: as tensões entre igualdade e diferença. Revista Brasileira de Educação. v. 13, n. 37,jan-abr, 2008, pp. 45-56.

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